O impacto da guerra Rússia e Ucrânia na economia Brasileira

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A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (horário local), levando nervosismo aos mercados financeiros globais. Mas, afinal, qual será o impacto deste conflito para a economia brasileira? 

O dólar e o petróleo vão subir mais? O pãozinho ficará mais caro? Entenda, abaixo, os possíveis desdobramentos

Alta do dólar

O dólar vinha caindo nas últimas semanas no Brasil, e um dos motivos para isso era justamente as tensões entre Rússia e Ucrânia. A moeda americana chegou a ser cotada abaixo de R$ 5. 

Até então, a avaliação de parte dos investidores globais que aportam seus recursos em mercados emergentes era que o Brasil, comparativamente aos países do Leste Europeu e do Oriente Médio, por exemplo, seria uma espécie de refúgio contra riscos geopolíticos.

Mas a eclosão de uma guerra muda este cenário por completo. Em momentos assim, investidores tendem a buscar ativos de máxima segurança, como títulos e ações de países desenvolvidos. Os países emergentes em geral são afetados.

Isso explica a alta do dólar nesta quinta-feira, quando a moeda chegou a superar R$ 5,14. E também o pessimismo na Bolsa.

Gasolina

O preço da gasolina, que subiu quase 50% nos últimos 12 meses, pode ser fortemente afetado. O petróleo disparou após a invasão russa na Ucrânia, superando o patamar de US$ 100 – o que não ocorria desde 2014.  

Até então, a alta do petróleo no exterior vinha sendo em parte compensada pela queda do dólar no Brasil. 

O último reajuste dos combustíveis realizado pela Petrobras foi em 12 de janeiro, e analistas já pontuavam que havia uma defasagem entre os preços locais e os praticados no mercado internacional.  

Com o petróleo e o dólar em alta, a tendência é de que o preço da gasolina também volte a subir. 

Pão francês, macarrão, biscoitos

A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e a Ucrânia, o terceiro maior. Com a guerra, a Ucrânia suspendeu o tráfego comercial marítimo.  

As cotações de trigo dispararam nesta quinta-feira.  

Como o Brasil importa de 6 a 7 milhões de toneladas de trigo anualmente, ou metade do consumo nacional, a tendência é de que todos os produtos derivados do grão, como pão francês, massas, biscoitos, subam de preço. 

Rússia e Ucrânia também respondem por 20% do abastecimento mundial de milho.

Com dólar mais alto, gasolina e alguns alimentos mais caros, há impacto na inflação.

Fertilizantes e plásticos

A alta do petróleo tem forte impacto não só na gasolina como também em outros produtos petroquímicos. Plásticos e embalagens podem subir de preço.

Muitos fertilizantes têm origem também nessa indústria. A Rússia responde por 30% das importações brasileiras de fertilizantes.

O fluxo comercial entre Brasil e Ucrânia é muito pequeno. Em 2021, o Brasil exportou apenas US$ 226,8 milhões para lá e importou US$ 211,4 milhões de produtos ucranianos.  

É uma parcela insignificante da corrente de comércio do Brasil com o resto do mundo, que no ano passado atingiu US$ 500 bilhões.

Entretanto, uma possível reação do Ocidente, com a imposição de sanções à Rússia, poderá afetar empresas e comércio global. Mas há muita incerteza ainda sobre esses possíveis efeitos.

Sanções muito duras à Rússia por parte das potências ocidentais poderiam afetar a inflação nesses países, num momento em que a alta de preços já é uma preocupação nos EUA e na Europa.

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