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Tarifa de 50% de Trump pode desestabilizar o PIB brasileiro e eliminar mais de 1 milhão de empregos

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A imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, pode gerar perdas de até R$ 175 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ao longo dos próximos 10 anos. A estimativa, divulgada nesta segunda-feira (21) em estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), projeta um impacto negativo de 1,49% no PIB a longo prazo e a eliminação de mais de 1,3 milhão de postos de trabalho.

Trump enviou uma carta ao presidente Lula (PT) em 9 de julho, informando sobre as tarifas que entrarão em vigor a partir de 1º de agosto, caso não haja um acordo. A Fiemg alertou que “o agravamento da crise comercial entre Brasil e EUA representa um risco grave à estabilidade econômica e ao desenvolvimento industrial”.

O estudo da federação também avaliou o impacto de uma possível retaliação brasileira com uma taxa recíproca de 50% sobre produtos americanos. Nesse cenário, a queda no PIB poderia chegar a R$ 259 bilhões (-2,21%), com 1,9 milhão de empregos afetados, uma redução de R$ 36,2 bilhões na massa salarial e queda de R$ 7,21 bilhões na arrecadação de impostos.

A Fiemg defende que o governo brasileiro “atue de forma firme, mas diplomática, na busca por um acordo que evite a vigência da tarifa, proteja os empregos e preserve a competitividade das empresas brasileiras”. O presidente da entidade, Flávio Roscoe, enfatizou que “responder com a mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários no Brasil. Por isso, o caminho mais inteligente é a diplomacia”.

Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras, sendo um mercado crucial para bens de maior valor agregado, como aeronaves executivas e eletroeletrônicos. Em 2024, o Brasil vendeu US$ 40,4 bilhões em produtos para o mercado norte-americano, representando 12% do total exportado. Uma tarifa de 50% tornaria inviável a compra de muitos desses itens.

Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro não sairá da mesa de negociação com os EUA. Em entrevista à rádio CBN, ele também revelou que a área econômica já trabalha em um plano de contingência para os setores que seriam afetados pelo tarifaço.

Haddad reiterou que o país não pretende retaliar empresas e cidadãos americanos, pois “não podemos pagar na mesma moeda uma coisa que consideramos injustas”. No entanto, ele admitiu a possibilidade de o governo brasileiro acionar a Lei da Reciprocidade, aprovada recentemente pelo Congresso. “Todo país do mundo vai se defender de alguma maneira do que está acontecendo. É uma possibilidade. Mas reitero que a orientação do presidente da República é que não vamos sair da mesa de negociação porque o Brasil é um país que se dá bem com todos países do mundo”, concluiu.

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