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INSS: fila bate recorde histórico e deixa milhões na espera

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A fila de espera por benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) atingiu um patamar histórico e sem precedentes, acumulando quase 3 milhões de requerimentos por aposentadorias, pensões e auxílios por incapacidade. Este “congestionamento invisível” representa exatamente 2,862 milhões de pedidos de cidadãos que aguardam uma resposta do órgão federal, gerando frustração em quem depende desses recursos.

A situação de Danice Matheus de Oliveira ilustra o problema: a assistente administrativa deu entrada em seu pedido de aposentadoria por invalidez em 2020 devido a um problema de visão e, devido à extrema demora, já preenche os requisitos para se aposentar por tempo de serviço. Ela desabafa sobre a espera: “É desgastante, viu? Você todo dia está ali olhando, olhando, e está em análise, em análise. Nada é alterado nunca. No meu caso, nunca. Dia 8 de dezembro já está fazendo cinco anos que eu estou nessa lida”.

O volume de novos pedidos de benefícios cresceu 23% de janeiro até agora, chegando a uma média mensal de 1,3 milhão. Cerca de metade da fila é composta por pedidos de benefício por incapacidade temporária. A fila do Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinada a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, é de 897 mil pessoas, com uma espera média de 193 dias. O atraso no BPC é explicado pela paralisação dos processos desde junho, devido a uma decisão judicial que exigiu novas regras para o cálculo da renda dos beneficiários.

O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, reconhece a crise, mas argumenta que dois terços dos casos dependem de fatores externos ou de ajustes internos, como a perícia médica federal e a atualização do sistema para adaptar a biometria e as novas regras de cálculo de renda. A maioria da fila está, segundo ele, aguardando essa avaliação médica. “Nossa expectativa, com o novo concurso e a chamada de novos 500 médicos, é que, no caso, a gente consiga resolver em breve”, afirma.

Quanto ao BPC, Waller Júnior explica que a adaptação do sistema à mudança de regra de cálculo da renda está em andamento, com a promessa de que a nova ferramenta esteja disponível até o final de novembro ou dezembro. Para gerenciar o problema, o INSS criou um comitê e planeja usar servidores de outras regiões para auxiliar na análise dos processos virtuais, especialmente no Nordeste, a região mais afetada.

Por fim, a biometria para novos pedidos de aposentadoria passa a ser obrigatória nesta sexta-feira (21), mas o governo adiou para maio de 2026 a exigência do cadastro biométrico para outros benefícios sociais, como auxílio-doença, pensão por morte, seguro-desemprego, abono salarial, Bolsa Família e salário-maternidade.

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