Fala de Múcio se torna carta na manga da defesa de Bolsonaro no inquérito do golpe
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e membros de seu núcleo jurídico comemoraram a entrevista do ministro da Defesa, José Múcio, ao programa Roda Viva nesta segunda-feira (10).
Múcio revelou que, em dezembro de 2022, recorreu a Bolsonaro para ajudá-lo a se aproximar dos três comandantes das Forças Armadas e garantir uma transição tranquila de governo, já que os militares se recusavam a recebê-lo.
“Foi quando eu recorri ao presidente Bolsonaro, que estava em Brasília. Foi meu colega de muitos anos, sempre tivemos uma relação muito boa e eu fui falar com ele. Disse ‘eu sou o novo ministro da Defesa, queria que você me ajudasse a fazer uma transição tranquila. Vai ser bom para o novo governo, vai ser bom para o seu governo, que está terminando. Você me conhece, eu não sou de conflito, de criar problema. Ele telefonou para os três comandantes”, contou Múcio na entrevista.
O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, confirmou que “sem dúvida” utilizará esse trecho para defender seu cliente no inquérito do golpe. “É, obviamente, incompatível a intenção de dar um golpe e determinar a transmissão do comando militar”.
Em 2024, Fabio Wajngarten, um dos principais assessores de Bolsonaro, utilizou um argumento semelhante em suas redes sociais, afirmando que Bolsonaro não tinha a intenção de dar um golpe, pois “nomeou, antecipadamente, os comandantes de Forças indicados e solicitados pelo Governo Lula”.
Agora, os trechos da entrevista de Múcio estão sendo usados pela defesa, sendo explorados politicamente e juridicamente por aliados de Bolsonaro.
