Embaixador argentino discute ‘moeda única’ com Fernando Haddad; proposta é criticada por especialistas
Novo ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Fernando Haddad reuniu-se nesta terça-feira (3) com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, e discutiu a criação de uma moeda comum para o Mercosul.
A informação foi revelada pelo próprio Scioli momentos após o encontro, mas ele esclareceu que a hipótese não faria com que os países do bloco adotassem exclusivamente esta moeda.
“Não significa que cada país não tenha sua moeda. Significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial no bloco regional. E, como disse o presidente Lula, fortalecer o Mercosul e ampliar a união latino americana é muito importante”, disse, segundo o portal g1.
O embaixador fez elogios a Haddad, a quem chamou de um “economista com visão muito positiva da economia real e um compromisso muito forte com os objetivos da moeda comum”.
“Foi um bom encontro com o ministro Haddad para falar sobre as políticas acordadas pelo presidente Lula e o presidente Alberto Fernández sobre integração energética e financeira, além do aumento do comércio entre os nossos países”, relatou.
Proposta é criticada por especialistas
Para especialistas, a implementação da medida, porém, esbarraria em um processo lento e complexo. Outros obstáculos seriam as disparidades entre as economias dos países que fazem parte do território.
O especialista em finanças Marcos Sarmento acredita que a adoção de uma moeda única não seria uma proposta viável para os próximos quatro anos, já que depende da definição de diversos parâmetros “objetivos e rigorosos” dos países da região que queiram aderir à ideia.
“Apostaria que não vai acontecer. É um processo muito demorado e complexo. Talvez possa haver algum tipo de facilitação de troca entre esses países, mas uma mudança assim demoraria anos”, afirmou.
Especialista em direito econômico e finanças, o advogado Fabiano Jantalia explica que a medida traria muito mais riscos do que benefícios ao Brasil.
“Há o risco de [o país] se tornar o grande amparo econômico das demais nações do Mercosul. Hoje já respondemos por grande parte do volume de negócios em comércio exterior firmados pelos países do bloco. É preciso considerar também que estamos em um estágio de gestão fiscal muito mais avançado e temos uma pauta de exportações que nos coloca como pouco dependentes dos demais países”, explicou.