Homem assusta ao afirmar ser o “Messias muçulmano”, declara-se novo Papa e atrai seguidores em várias partes do mundo
Uma figura emergente no cenário religioso muçulmano, Abdullah Hashem Aba Al-Sadiq, fundador de uma nova religião, a Ahmadi de Paz e Luz (AROPL), está ganhando seguidores globalmente. De forma surpreendente, seus adeptos o declararam o novo Papa no Domingo de Páscoa, um dia antes do Vaticano anunciar o falecimento do Papa Francisco.
Abdullah Hashem, nascido em Indiana em 1983, filho de pai egípcio e mãe americana, se autodenomina o Qa’im Al Muhammad, a reencarnação de Maomé e do Mahdi (Messias) no Islã. Seus seguidores o consideram o segundo dos doze Mahdis previstos na tradição islâmica.
A AROPL, com raízes no Iraque no final dos anos 1990, expandiu-se para 40 países, com cerca de 7.000 pessoas tendo contato com o movimento. Após ter uma base na Suécia, sua sede se estabeleceu na Inglaterra desde 2021. O objetivo central do grupo é a criação de um “Estado Divino Justo”, um estado teocrático governado por um rei divinamente nomeado, rejeitando a ideia de democracia.
Hashem se apresenta como o “sucessor vivo do Profeta Muhammad e de Jesus Cristo”, direcionando suas mensagens também à comunidade cristã global e reivindicando ser o “sucessor de Simão Pedro, o sucessor de Jesus Cristo, o verdadeiro e legítimo Papa”.
Em seu canal no YouTube, a AROPL declara que a vacância do trono papal não é coincidência, mas um “sinal divino” para que o “herdeiro legítimo” assuma sua posição, conclamando os cristãos a reconhecerem o cumprimento de uma profecia e a devolverem o papado a quem de direito.
A religião fundada por Abdullah Hashem alega que ele preenche três “critérios divinos” para ser o Qa’im: nomeação em testamento, conhecimento excepcional e defesa da supremacia divina sobre o governo humano. Ele também afirma ter cumprido dez profecias islâmicas, incluindo a morte do rei Abdullah da Arábia Saudita em 2015 e interpretando a profecia do “sol nascendo no Ocidente” como uma previsão de seu governo sobre o mundo cristão. Outra profecia que ele alega ter cumprido é o estabelecimento de uma “nova aliança”, a “sétima aliança”, que, de forma incomum para o islamismo tradicional, incluiria membros da comunidade LGBTQ+.
Recentemente, no Domingo de Páscoa, seguidores da AROPL realizaram manifestações em frente a igrejas em diversos países, incluindo o Vaticano, anunciando que Abdullah Hashem foi escolhido por Deus para liderar a humanidade como o verdadeiro Papa. A morte do Papa Francisco no dia seguinte foi interpretada por seus seguidores como uma confirmação divina da legitimidade de sua missão.
Essa fusão de elementos religiosos encontra paralelos na escatologia muçulmana, que embora não mencione diretamente um messias no Corão, possui uma forte tradição do Mahdi, um redentor que surgirá como governante. O Islã também reconhece Jesus (Issa) como um importante profeta, que retornará para auxiliar o Mahdi na luta contra o “falso messias” (Anticristo). Tradicionalmente, acredita-se que, com a chegada do Mahdi, todos se converterão ao Islã.
Em contraste, cristãos têm rotulado Abdullah Hashem como o Anticristo. Ele, por sua vez, refuta essa alegação, afirmando ser um mensageiro de Jesus para governar os cristãos e critica o cristianismo por supostamente distorcer o monoteísmo de Jesus, culpando o Imperador Constantino e o Concílio de Niceia pela doutrina da Trindade.
