Tensão diplomática: Lula fica fora da agenda oficial de Trump em viagem à Ásia
A Casa Branca divulgou a agenda oficial do presidente Donald Trump para sua próxima viagem à Ásia, que se inicia nesta sexta-feira (24), e confirmou que não há previsão de encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ausência de Lula no cronograma oficial reforça o crescente clima de tensão diplomática e distanciamento entre Brasília e Washington.
Apesar dos esforços nos bastidores do governo brasileiro para costurar uma reunião bilateral visando a reaproximação, falas recentes de Lula sobre política econômica internacional teriam causado forte incômodo na Casa Branca.
Críticas ao dólar causam atrito
O principal ponto de discórdia seria a defesa pública de Lula por uma moeda alternativa ao dólar nas negociações entre países emergentes. Em setembro de 2023, o petista declarou: “Nós precisamos de uma moeda que não seja o dólar para as negociações internacionais, porque o mundo não pode continuar refém de uma única moeda controlada por um país só”.
Diplomatas americanos interpretaram a fala como uma crítica direta à hegemonia financeira dos Estados Unidos, o que se choca com a política America First de Trump, centrada em fortalecer o dólar e a indústria americana. Um assessor próximo a Trump confirmou que o presidente “não esquece críticas pessoais e prefere manter o foco em resultados concretos para os Estados Unidos”.
Agenda asiática focada em economia e estratégia
Trump parte de Washington na sexta-feira (24) para um tour de uma semana, focado em “resultados econômicos e estratégicos”, segundo a porta-voz Karoline Leavitt.
A agenda oficial inclui:
Malásia (25 de Outubro): Participação na Cúpula da ASEAN, com foco em paz regional e negociações comerciais.
Japão (27 de Outubro): Reunião com a primeira-ministra Sanae Takaichi para fechar alianças comerciais e um acordo de investimentos americanos de $550 \text{ bilhões}$.
Coreia do Sul (29 e 30 de Outubro): Participação na Cúpula da APEC, seguida por uma reunião bilateral com o presidente Xi Jinping, da China. Os principais temas em Seul serão tensões comerciais, exportação de minerais, compra de soja americana e redução de precursores de fentanil.
Apesar da agenda oficial descartar o encontro bilateral, fontes do Itamaraty ainda mantêm a expectativa de que Lula possa ter um encontro informal com Trump durante algum dos eventos multilaterais no continente. A Casa Branca, no entanto, nega qualquer alteração de última hora.
