Países da OTAN selam pacto “histórico” para bloquear a ameaça russa no Atlântico Norte

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Reino Unido e Noruega anunciaram uma nova e robusta parceria de patrulha, envolvendo mais de uma dúzia de navios de guerra, com o objetivo principal de rastrear submarinos russos e salvaguardar a infraestrutura crítica no Atlântico Norte nos próximos anos.

Londres justificou a iniciativa citando um aumento de 30% na detecção de embarcações russas que representam uma ameaça às águas britânicas nos últimos dois anos. A Noruega, que compartilha cerca de 190 quilômetros de fronteira terrestre com a Rússia, também se sente vulnerável, dada a proximidade de importantes bases militares russas no Ártico (Murmansk e Severomorsk).

Os países da OTAN estão cada vez mais preocupados com a segurança das extensas redes de oleodutos e cabos submarinos que cruzam o fundo do mar. Esses cabos são vitais, pois transportam cerca de 98% dos dados globais, sustentando atividades essenciais da vida moderna. O monitoramento dessas vastas redes é considerado extremamente difícil, apesar dos esforços recentes da OTAN e de testes com tecnologias não tripuladas. Incidentes de danos a oleodutos e cabos no Mar Báltico no final de 2024 foram, inclusive, associados à “frota paralela” russa.

Detalhes da frota e do acordo “inédito”

O esforço conjunto se concentrará no Atlântico Norte, incluindo a área estratégica conhecida como Lacuna GIUK (entre Groenlândia, Islândia e Reino Unido), que a Rússia utiliza como rota para enviar submarinos armados em direção ao Atlântico ou aos EUA.

O Reino Unido fornecerá oito navios e a Noruega, um mínimo de cinco.Pelo menos 13 navios de guerra antissubmarino Tipo 26 do Reino Unido, apoiados por drones, estarão envolvidos. As patrulhas não começarão imediatamente, pois as primeiras fragatas Tipo 26 ainda estão em construção. A frota conjunta deverá iniciar as operações no final da década de 2020 ou início da década de 2030.

O Ministério da Defesa britânico celebrou o acordo como um arranjo “inédito”, denominado Acordo de Lunna House. O nome é uma homenagem ao quartel-general da resistência norueguesa na Escócia durante a Segunda Guerra Mundial.

Reforço militar e cooperação bilateral

A parceria reflete uma resposta ao crescente poderio militar da Rússia. Ambos os países da OTAN já operam aeronaves de patrulha marítima P-8, projetadas especificamente para detectar navios russos. A frota de submarinos da Rússia, considerada formidável e mais capaz do que seus navios de superfície, tem permanecido relativamente intacta, exceto pela frota do Mar Negro, durante a guerra na Ucrânia.

  • Acordo de equipamentos Em agosto, a Noruega assinou um acordo de mais de 13 bilhões de dólares para adquirir várias fragatas britânicas. Como parte da cooperação, o Reino Unido começará a usar mísseis de cruzeiro de fabricação norueguesa em seus navios de superfície.
  • Treinamento: Fuzileiros navais britânicos treinarão na Noruega para se adaptar às temperaturas abaixo de zero, uma vez que a Rússia é considerada a potência dominante no Ártico, mais acostumada a operar nessas condições austeras.
Incidentes recentes aumentam a tensão

A necessidade das patrulhas é sublinhada por incidentes recentes de atividade russa nas águas britânicas. O secretário de Defesa britânico, John Healey, relatou no mês passado que o navio russo de coleta de informações, Yantar, chegou a apontar lasers para pilotos britânicos que monitoravam a embarcação perto das águas do Reino Unido, uma ação classificada como “extremamente perigosa”. O Yantar também foi avistado e interceptado em outras ocasiões.

Além disso, o governo britânico interceptou recentemente um navio de guerra russo, o Stoikiy, e um de seus navios-tanque ao largo de sua costa sul. Outros navios da Marinha Real acompanharam destróieres e submarinos russos pelo Canal da Mancha.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que o acordo histórico é crucial para “fortalecer nossa capacidade de proteger nossas fronteiras e a infraestrutura crítica da qual nossas nações dependem.” O primeiro-ministro norueguês, Jonas Støre, está no Reino Unido esta semana para a assinatura do documento em Londres e visitará uma base militar britânica na Escócia.

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