OTAN eleva meta de gastos com defesa para 5% do PIB em decisão histórica para conter a ameaça da Rússia
Em um movimento decisivo, os aliados da OTAN concordaram na última quarta-feira em mais que dobrar sua meta de gastos com defesa, elevando-a de 2% para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035. A medida, considerada a mais significativa da aliança em mais de uma década, reflete a percepção de “profundas ameaças e desafios à segurança”, conforme declarado em comunicado conjunto. Entre as principais preocupações, destacam-se a “ameaça de longo prazo” da Rússia à segurança euro-atlântica e a “ameaça persistente” do terrorismo.
O novo compromisso estabelece que 3,5% do PIB serão destinados à “defesa pura”, enquanto o restante cobrirá segurança e “infraestrutura crítica” relacionada à defesa. A OTAN exigirá que os membros apresentem planos anuais detalhando o caminho para atingir essa meta, um ponto que gerou resistência de alguns países, como a Espanha. A decisão ocorre em um cenário de crescentes tensões no Oriente Médio e da continuidade da guerra na Ucrânia, além de anos de pressão, especialmente durante os mandatos do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para que Canadá e Europa compartilhassem mais o ônus da defesa coletiva.
Compromisso com a Defesa Coletiva e o Artigo 5
A aliança também reafirmou seu “compromisso inabalável com a defesa coletiva”, consagrado no Artigo 5 de seu tratado, que estabelece que um ataque a um membro é um ataque a todos. Essa reafirmação é particularmente relevante após questionamentos sobre a confiabilidade dos EUA em relação a esse pilar central da OTAN. “Permanecemos unidos e firmes em nossa determinação de proteger nossos um bilhão de cidadãos, defender a Aliança e salvaguardar nossa liberdade e democracia”, destaca a declaração conjunta.
O Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, descreveu o acordo como um “salto quântico” na defesa coletiva, que não só aumentaria a segurança, mas também criaria empregos. Ele ressaltou que os aliados estão “unidos no entendimento de que precisamos nos mobilizar para permanecer seguros”, reconhecendo a seriedade das ameaças. Rutte também mencionou a expectativa de Donald Trump de que os aliados europeus e o Canadá contribuam mais, afirmando que é exatamente isso que está acontecendo.
Reações e perspectivas
Apesar de questionamentos prévios de Trump sobre o Artigo 5, Rutte expressou confiança no compromisso dos EUA, afirmando que o artigo é “absolutamente claro”. Sobre a resistência inicial da Espanha, Rutte indicou que o país está “levando a sério” o compromisso.
O presidente da Finlândia, Alexander Stubb, descreveu a atmosfera na cúpula como “tranquila, calma e serena”, comparando o encontro a um “reequilíbrio de uma nova OTAN, onde temos mais equilíbrio e mais Europa nela”. Ele classificou a reunião como “histórica” e um retorno às raízes da autodefesa coletiva como forma de dissuasão à Rússia. Stubb observou a satisfação de Trump e Rutte com o resultado, indicando que “os americanos estão felizes e… os europeus acordaram e sentiram o cheiro do café”.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, destacou a mensagem “inflexível” da cúpula: a OTAN permanecerá “totalmente unida”. Ele acrescentou que Berlim, que já havia se comprometido com a meta de 5%, está pronta para demonstrar mais liderança na defesa europeia.
Essa decisão representa um marco significativo para a OTAN, sinalizando uma nova era de maior investimento e compromisso com a segurança coletiva diante de um cenário geopolítico em constante mudança.
