Maduro ordena escolta armada para petroleiros após cerco imposto por Trump
O cenário político na América do Sul atingiu um novo patamar de volatilidade após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinar que os petroleiros do país passem a navegar sob escolta da Marinha chavista. A medida surge como uma contraofensiva direta à ordem de “bloqueio total” emitida pelo presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, contra embarcações venezuelanas sancionadas. De acordo com informações do jornal The New York Times, navios que zarparam com destino à Ásia já estão operando acompanhados por embarcações de guerra, embora muitos desses petroleiros ainda não fossem alvos formais de sanções econômicas.
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A presença ostensiva de navios militares venezuelanos aumenta drasticamente as chances de um incidente armado na região. A Marinha americana mantém uma mobilização de grande escala no Caribe, o que coloca as forças navais das duas nações em rota de proximidade perigosa. Especialistas alertam que a interação constante entre as tripulações e a possibilidade de trocas de ameaças em águas internacionais criam o ambiente propício para um eventual ataque. Caso ocorra um disparo contra qualquer uma das frotas, o país atingido teria respaldo jurídico para uma declaração formal de guerra, agravando uma crise que já conta com apreensões de navios e exercícios militares intensos.
Enquanto Caracas tenta manter as exportações em cerca de um milhão de barris diários, a infraestrutura interna do país enfrenta uma ameaça logística. Dados da Bloomberg indicam que o bloqueio naval americano pode levar a Venezuela ao limite de sua capacidade de armazenamento de petróleo em apenas dez dias. Para contornar as restrições, o governo Maduro tem dependido de uma “frota fantasma”. Segundo a organização Transparência Venezuela, cerca de 40% dos navios que transportam o óleo bruto venezuelano operam de forma irregular, utilizando bandeiras de outros países ou identidades de navios já descartados para fugir da vigilância de Washington.
Reações internacionais e acusações de pirataria
O governo venezuelano reagiu oficialmente classificando as ações de Trump como uma “ameaça grotesca” e uma violação do livre comércio. Em comunicado, Caracas afirmou que denunciará o bloqueio à ONU, defendendo sua soberania e o direito à livre navegação. No plano global, a Rússia alertou para consequências imprevisíveis no Ocidente, enquanto a China declarou oposição ao que chamou de assédio unilateral. Por outro lado, o governo americano endureceu o discurso; Trump utilizou suas redes sociais para classificar o regime de Maduro como uma organização terrorista e acusá-lo de usar o petróleo para financiar atividades ilícitas e roubar bens pertencentes aos Estados Unidos.
A apreensão do navio Skipper e o impacto comercial
A tensão escalou definitivamente após a interceptação do petroleiro Skipper por forças americanas no dia 10 de dezembro. O navio, que navegava falsamente com a bandeira da Guiana, foi acusado de transportar óleo para financiar grupos extremistas no Oriente Médio. Maduro classificou o episódio como “pirataria naval criminosa” e afirmou que o confisco da carga de 1,9 milhão de barris é um roubo de patrimônio nacional. O impacto econômico foi imediato: levantamentos recentes apontam que a agressividade da fiscalização americana já resultou na retenção de 11 milhões de barris de combustível em águas venezuelanas, paralisando o fluxo comercial do país.


