Lula acusa Bolsonaro de recorrer a Trump para evitar condenação e ameaçar Brasil com taxas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras acusações nesta sexta-feira (11), afirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro enviou seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aos Estados Unidos para pedir que Donald Trump interceda em seu favor e ameace o governo brasileiro com a imposição de tarifas. As declarações foram proferidas durante um evento em Linhares, Espírito Santo, onde o governo federal apresentou um novo acordo para as vítimas do rompimento da barragem de Fundão.
Lula não poupou críticas a Bolsonaro, referindo-se a ele como “aquela coisa covarde, que preparou um golpe nesse país, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado”. O presidente detalhou a suposta articulação: “E ele mandou o filho dele para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça: ‘Ah, se não liberarem o Bolsonaro eu vou taxar vocês'”. Lula expressou sua indignação com a atitude, completando: “A coisa mandou um filho, que é deputado, se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai’. É preciso essa gente criar vergonha na cara”.
Entenda a Ameaça de Trump e a Resposta de Lula
As declarações de Lula ganham contexto após Trump anunciar, na última quarta-feira (9), que uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entrará em vigor a partir de 1º de agosto. O comunicado de Trump, enviado por carta a Lula, baseia-se na alegação, considerada equivocada pelo governo brasileiro, de que os EUA teriam um déficit comercial com o Brasil. Além disso, a correspondência criticava abertamente o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ex-presidente é réu por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
Nesta sexta-feira, Lula reiterou que Trump está “mal-informado” sobre a relação comercial entre os dois países. “Em 15 anos, entre comércio e serviços, nós temos uma déficit de 410 bilhões de dólares com os EUA. Eu que deveria taxar ele”, argumentou o petista, revertendo a lógica da acusação de Trump.
O presidente brasileiro enfatizou sua disposição para negociar e evitar a taxação, indicando que buscará soluções em diversas frentes, incluindo a Organização Mundial do Comércio (OMC) e conversas com os parceiros do Brics. Contudo, Lula foi claro quanto a uma possível retaliação: “Agora, se não tiver jeito no papo, no tête-à-tête, nós vamos estabelecer a reciprocidade. Taxou aqui, a gente taxa lá. Taxou aqui, a gente taxa lá. Não tem outra coisa a fazer”.
Lula também criticou a informalidade com que Trump anunciou a medida, que foi feita por meio de sua própria rede social. “Ele [Trump] sentou no sofá pá-pá-pá-pá-pá-pá [simulando que digitava]. ‘Oh Lula, vou taxar, se você não soltou o Bolsonaro, vou taxar’. Realmente essas pessoas não sabem o que é o respeito que nós temos pelo nosso país”, lamentou.
Durante o evento no Espírito Santo, Lula usava um boné azul com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, um símbolo adotado por governistas para marcar posição contra a oposição, frequentemente associada a Bolsonaro e Trump.
