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Irã, China e Rússia formam coalizão na Ásia contra os EUA

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O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, está na China para a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), em um movimento que sublinha a crescente aliança de Teerã com Pequim e Moscou. A presença iraniana na cúpula, após seu recente conflito com Israel, destaca um significativo alinhamento estratégico que tem implicações importantes para a influência dos Estados Unidos no Oriente Médio.

A parceria entre Irã e China tem se aprofundado, com Pequim continuando a comprar petróleo iraniano e fornecendo materiais relacionados a mísseis e sistemas de defesa aérea. A participação russa na OCX reforça o interesse comum em desafiar a hegemonia americana na região.

Para os Estados Unidos, essa crescente colaboração representa um obstáculo. O apoio chinês oferece ao Irã um suporte econômico e militar crucial, que pode minar a eficácia das sanções lideradas por Washington. Isso não só complica os esforços dos EUA para manter o domínio em uma região vital para a energia e segurança globais, mas também promove os próprios objetivos estratégicos da China.

A visita de Araghchi à China não é apenas uma formalidade; ela oferece ao Irã uma plataforma de alto nível para moldar sua narrativa regional e demonstrar seu compromisso com Pequim. Espera-se que o Irã use a oportunidade para defender uma coordenação de segurança mais ampla e aprofundar a cooperação com a liderança chinesa.

Durante a cúpula, Araghchi deverá se encontrar com o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e outros líderes, incluindo o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

Transferência de armas e nova dinâmica

Após o cessar-fogo entre Irã e Israel em 24 de junho, relatos indicam que o Irã recebeu sistemas de mísseis terra-ar (SAM) de fabricação chinesa, pagos em petróleo. Apesar da negação formal da embaixada chinesa sobre venda de armas para nações em guerra, a China já afirmou que “vende as aeronaves J-10 apenas para países amigos”, enquanto o Irã busca adquirir esses caças devido a atrasos nas entregas de armas russas. Isso sinaliza os esforços de Teerã para diversificar e ampliar suas parcerias militares.

Como observou Craig Singleton, pesquisador da Fundação para a Defesa das Democracias, para Pequim, a “ambiguidade estratégica é uma característica, não uma falha”, o que “possibilita silenciosamente as ambições de mísseis do Irã”.

O papel da organização de cooperação de Xangai

Fundada em 2001, a OCX — que inclui China, Rússia, Irã, Índia, Paquistão e várias nações da Ásia Central — serve como uma plataforma essencial para Pequim aprofundar os laços regionais. Para o Irã, a adesão à OCX oferece um maior engajamento diplomático e econômico, ajudando Teerã a superar seu isolamento geopolítico e a olhar para além das instituições ocidentais. Recentemente, a China recebeu ministros da defesa da OCX, reforçando seu compromisso em fortalecer o bloco.

O Irã está determinado a expandir sua parceria estratégica com Pequim, consolidando laços econômicos e aprofundando a cooperação técnico-militar. Essa aliança crescente desafia diretamente a influência dos EUA no Oriente Médio, mesmo com Washington intensificando a aplicação de sanções e a colaboração com parceiros do Golfo e de Israel para se adaptar à mudança na dinâmica de poder da região.

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