Investigação da PF aponta repasse de R$ 1,5 milhão de “Careca do INSS” para amiga de Lulinha
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (18/12), uma operação de busca e apreensão contra a empresária Roberta Luchsinger, figura central em uma investigação que apura lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Mensagens interceptadas pelos investigadores revelam que Roberta, próxima a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, orientou o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, a se desfazer de aparelhos celulares logo após o início da Operação Sem Desconto, em abril de 2025. “Antônio, some com esses telefones. Joga fora”, escreveu a empresária em uma das comunicações obtidas.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, Roberta Luchsinger é apontada como peça-chave do “núcleo político” de uma organização criminosa liderada por Antunes. Sua função principal envolveria a gestão de contas bancárias, ocultação de patrimônio e o uso de estruturas empresariais para dar aparência lícita a capitais desviados. A investigação identificou que a empresária teria emitido notas fiscais por serviços de consultoria considerados “aparentemente inexistentes” para as empresas do grupo de Camilo.
Movimentações financeiras e menções a Lulinha
A quebra de sigilo e a análise de planilhas apreendidas mostraram que o lobista repassou um total de R$ 1,5 milhão para Roberta. Em um dos registros, consta o pagamento de R$ 300 mil para a RL Consultoria e Intermediações Ltda., empresa da investigada. O teor das mensagens sugere que o montante teria como destino final o “filho do rapaz”, uma suposta alusão a Lulinha. Vale ressaltar que Fábio Luís não é alvo direto desta fase da operação. Em áudios, Roberta chegou a tranquilizar o aliado, comparando a pressão sofrida por ele às investigações que envolveram Lulinha no passado.
Lobby no Ministério da Saúde e tentativa de blindagem
As evidências apontam que Roberta e o “Careca do INSS” atuavam em conjunto fazendo lobby no Ministério da Saúde, representando os interesses da DuoSystem, uma empresa de telessaúde. Diante do avanço das investigações, a empresária demonstrou preocupação com a exposição do vínculo entre ambos, chegando a sugerir que o advogado do lobista emitisse uma nota negando qualquer relação dele com a empresa. Apesar das tentativas de ocultar provas e descartar telefones, Antônio Carlos Camilo Antunes foi preso em setembro deste ano.
Medidas cautelares e restrições
Diante da gravidade dos fatos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou medidas restritivas contra a empresária. Entre as sanções pedidas estão a proibição de deixar o país, a entrega imediata do passaporte e o impedimento de manter contato com os demais investigados no processo. A PGR, no entanto, manifestou-se de forma contrária à instalação de tornozeleira eletrônica em Roberta neste momento.


