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Guerra com Israel? Irã vai atrás de insumos da China para mísseis em larga escala

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O Irã encomendou uma quantidade significativa de materiais da China para a produção de mísseis balísticos, conforme revelou uma reportagem do Wall Street Journal nesta quinta-feira. A transação ocorre em um momento crítico, com o Irã buscando se rearmar e fortalecer sua rede de aliados regionais, e em meio às negociações nucleares em andamento com os Estados Unidos. Israel, por sua vez, teria assegurado à Casa Branca que não atacará instalações nucleares iranianas a menos que essas negociações falhem.

Segundo fontes familiarizadas com a transação citadas pelo Journal, Teerã teria encomendado perclorato de amônio suficiente para a potencial fabricação de até 800 mísseis. Este material é um componente essencial para a produção de mísseis de combustível sólido. A previsão é que o carregamento chegue ao Irã nos próximos meses. Acredita-se que o acordo tenha sido fechado “meses atrás, provavelmente antes” do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, em março, sobre sua proposta de negociações nucleares ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

A encomenda foi feita por uma entidade iraniana, a Pishgaman Tejarat Rafi Novin Co., à Lion Commodities Holdings Ltd., sediada em Hong Kong. Uma autoridade citada na reportagem indicou que parte do perclorato de amônio poderá ser enviada a grupos pró-Irã, como os rebeldes Houthi do Iêmen, que têm lançado mísseis balísticos contra Israel. A maior parte do material, no entanto, deve permanecer no Irã, que estaria trabalhando para reparar fábricas de mísseis danificadas em um ataque israelense em outubro. Esse ataque teria destruído cerca de doze “misturadores planetários”, essenciais para a mistura dos ingredientes dos mísseis balísticos.

A delegação iraniana na ONU não respondeu aos pedidos de comentário sobre o suposto carregamento. O Ministério das Relações Exteriores da China declarou desconhecer tal contrato, afirmando que Pequim “sempre exerceu controle rigoroso sobre itens de dupla utilização”.

A notícia do carregamento chinês reacende preocupações sobre o programa de mísseis balísticos do Irã e suas ambições militares. Um carregamento anterior de combustível para mísseis da China foi associado a uma explosão em um porto no sul do Irã, que teria matado 18 pessoas e ferido centenas, atribuída ao manuseio incorreto de uma unidade da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã.

O Irã, que frequentemente ameaça a existência de Israel, há muito tempo financia e arma o chamado “Eixo da Resistência”, uma rede de representantes regionais que inclui os Houthis do Iêmen, o Hezbollah do Líbano e o Hamas de Gaza, além de milícias no Iraque. Mísseis balísticos teriam sido enviados a aliados iraquianos no início de abril, mesmo com o início das negociações nucleares.

Negociações nucleares e posição de Israel

As negociações entre EUA e Irã, iniciadas em abril, visam conter o programa nuclear iraniano. Após cinco rodadas, os EUA apresentaram uma proposta que restringiria o enriquecimento de urânio iraniano sem interrompê-lo completamente, mas a oferta foi rejeitada por Khamenei na quarta-feira.

O Irã nega buscar armas nucleares, mas tem enriquecido urânio a níveis preocupantes, dificultado inspeções internacionais e expandido suas capacidades de mísseis. Relatórios da AIEA indicam que o Irã acumulou urânio enriquecido a 60% — próximo do grau de armas — suficiente para nove bombas, e realizou atividades nucleares secretas em locais não declarados.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem defendido o desmantelamento total das instalações nucleares iranianas. A inteligência dos EUA avaliou que Israel pode atacar as instalações nucleares ainda este ano. No entanto, autoridades israelenses teriam assegurado à Casa Branca que não lançarão um ataque sem um sinal de que as negociações com Teerã falharam, e que podem levar meses para tal decisão.

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