Gripe aviária no Brasil pode evoluir para uma ameaça humana? especialista explica
O primeiro foco de gripe aviária em uma produção comercial no Brasil foi confirmado na semana passada em Montenegro, no Rio Grande do Sul, gerando preocupação no setor agropecuário e nas autoridades sanitárias. O histórico da doença é alarmante: nos Estados Unidos, a Influenza H5N1 dizimou cerca de 170 milhões de aves nos últimos três anos.
A gripe aviária é causada por uma variante específica do vírus Influenza H5N1, que tem aves como hospedeiras naturais. Altamente letal para os animais, o vírus possui a capacidade de infectar mamíferos.
Apesar do risco para a produção animal, as evidências científicas atuais indicam que não há perigo de contaminação humana através do consumo de ovos ou carne de aves infectadas. O risco de transmissão para pessoas é considerado muito baixo, sendo mais comum em indivíduos que trabalham diretamente com aves doentes. Até o momento, não foram identificados casos de transmissão do vírus entre humanos.
Diante da confirmação no Rio Grande do Sul, uma operação de combate à doença foi implementada no Brasil. A granja afetada em Montenegro abrigava 17 mil aves, das quais a grande maioria sucumbiu ao vírus. Os animais sobreviventes foram sacrificados como medida de controle sanitário.
“A transmissão entre humanos já seria motivo para chegar a um nível de preocupação mais alto”, adverte Meghan Davis, professora de epidemiologia da Universidade Johns Hopkins. Embora a especialista considere que a situação atual não demanda alarme excessivo, ela enfatiza a crucial importância da adoção de rigorosas medidas sanitárias, dada a possibilidade de mutações virais.
Desde abril de 2024, os Estados Unidos contabilizaram 70 casos de gripe aviária em humanos. No início deste ano, um idoso com outras condições de saúde faleceu em decorrência da doença. Uma variante menos comum do vírus também atingiu rebanhos de vacas leiteiras no país.
No ano anterior, a FDA, agência regulatória americana, detectou fragmentos do vírus em cerca de 20% das amostras de leite cru coletadas nos EUA. A agência então emitiu uma recomendação para que os consumidores optassem exclusivamente por leite pasteurizado.