Estatais federais têm rombo de R$ 6,35 bilhões, pode bater o pior nível da história
O Banco Central (BC) revelou nesta sexta-feira (28) que o conjunto das empresas estatais federais não financeiras (excluindo Petrobras, Eletrobras e bancos públicos) acumulou um déficit de R$ 6,35 bilhões nos dez primeiros meses de 2025. Esse montante negativo representa que os gastos totais dessas companhias superaram a receita gerada no período.
O prejuízo parcial já se aproxima do resultado negativo registrado em todo o ano anterior, que até então era o pior da série histórica do BC, iniciada em 2002. Entram nesse cálculo empresas como Correios, Casa da Moeda, Infraero, Serpro e Dataprev.
O rombo dessas estatais já impacta diretamente as contas públicas da União. Devido ao resultado deficitário acima do autorizado, o governo foi forçado a efetuar um bloqueio de R$ 3 bilhões no orçamento deste mês, recursos que poderiam ser destinados a outras áreas.
A crise fiscal dos Correios é apontada como o principal fator para o agravamento do desempenho geral. A empresa, que detém o monopólio em serviços postais (como o recebimento, transporte e entrega de correspondências), viu seu resultado financeiro piorar drasticamente em 2025. Em 2024, o déficit dos Correios ultrapassou R$ 2,5 bilhões, e a projeção de prejuízo para 2025 já supera R$ 4 bilhões no primeiro semestre, com estimativas que podem chegar a R$ 10 bilhões até o final do ano e a R$ 23 bilhões em 2026, caso não sejam tomadas medidas.
Em paralelo, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, abordou a situação da Eletronuclear esta semana, indicando que a decisão sobre o futuro da estatal está “caminhando”. Ceron salientou que o foco do Tesouro e do BNDES é encontrar a “melhor solução financeira, de continuidade ou não”, e ressaltou que não há previsão de aporte de recursos imediatos ainda neste ano.
Além disso, o Relatório de Riscos Fiscais da União de 2025 do Tesouro Nacional lista outras estatais que apresentam sinais preocupantes e podem necessitar de aportes futuros, elevando o risco para as contas públicas. O documento aponta atenção para a Casa da Moeda, Infraero e companhias docas de cinco estados: Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio de Janeiro.


