Com queda nas vendas, montadoras paralisam produção 

Compartilhe

Mais montadoras anunciaram a decisão de conceder férias coletivas em suas plantas para conter o crescimento do estoque em meio à irregularidade no fornecimento de componentes.

Depois da GM, que ficará 17 dias parada em São José dos Campos (SP), a Hyundai terá 13 dias de férias, em Piracicaba (SP), e a Volkswagen, dez dias, em Taubaté (SP).

Em Goiana (PE), a Stellantis (dona da Fiat, Jeep, Peugeout e Citröen) fará uma primeira pausa a partir desta quarta (22) para apenas um dos três turnos da fábrica. Esse período de férias coletivas vai até o dia 10 de abril. Entre os dias 27 de março e 6 de abril, porém, todos os turnos ficarão paralisados.

A pausa na produção da Hyundai no interior de São Paulo começou nesta segunda (20) e vai até 2 de abril. A paralisação afeta os três turnos de produção de veículos e as equipes administrativas, chegando a cerca de 2.000 funcionários.

Na fábrica de motores, também em funcionamento no complexo de Piracicaba, não haverá férias, segundo a empresa. A Hyundai diz que as férias coletivas foram necessárias para adequar os volumes de produção e evitar a formação de estoques. A empresa disse, em nota, estar “acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano”.

Em Taubaté, a Volkswagen concederá férias a partir do dia 27. Segundo a montadora, até 5 de abril haverá manutenção na linha de produção. A pausa também servirá para adequar a produção diante da “instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes”, disse a companhia em nota.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, cerca de 2.000 trabalhadores da fábrica ficarão em férias no período.

Em Goiana, a Stellantis produz três modelos da Jeep (Commander, Compass e Renegade) e o Fiat Toro. A empresa diz que as demais fábricas no Brasil continuam produzindo. A companhia justificou a necessidade de pausar a produção pela instabilidade no fornecimento de componentes, argumento usado também pela GM para as férias em São José dos Campos.

O problema, agravado pela pandemia a partir de 2020, levou a dezenas de pausas nas montadoras nos últimos dois anos, seja por meio de férias coletivas, lay-offs (um tipo de suspensão temporária do contrato de trabalho) ou licenças remuneradas.

A situação do crédito no Brasil, porém, preocupa as empresas. No início de março, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) já destacava essa como uma limitação que preocupava o setor para o crescimento em 2023, ao lado da oferta de suprimentos.

O boletim mais recente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) mostra que a inadimplência de pessoas físicas chegou, em 2022, ao maior índice dos últimos anos, batendo 5,9%. O dado refere-se a atrasos de pagamentos com mais de 90 dias. Na comparação com 2021, a alta foi de 1,5%.

Em fevereiro, o estoque das montadoras chegou a 38 dias, volume que a Anfavea classificou como não preocupante, mas destacou que as marcas têm feito campanhas para estimular as vendas. O custo elevado do crédito foi apontado como a principal barreira para compra de um carro, mostrou o estudo Ipsos Drivers.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

www.clmbrasil.com.br