Cientistas confirmam pior pico de radiação solar em décadas e pedem atenção a tempestades maiores e emitem alerta para aviação

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Cientistas detectaram no mês passado os níveis de radiação mais altos em quase 20 anos nas altitudes utilizadas pela aviação comercial, um fenômeno diretamente ligado a uma intensa tempestade solar. Pesquisadores alertam que eventos solares ainda mais fortes no futuro podem causar danos significativos aos sistemas eletrônicos das aeronaves.

A tempestade espacial, originada por uma erupção solar, culminou em 11 de novembro com um evento raro conhecido como “Aumento da Radiação ao Nível do Solo”. Neste episódio, partículas solares altamente energéticas conseguiram penetrar profundamente na atmosfera terrestre, resultando em um pico de radiação mensurável até mesmo no nível do solo.

Para monitorar o impacto na atmosfera de voo, o evento foi capturado por meio de novas sondas de radiação espacial montadas em balões, desenvolvidas pelo Centro Espacial de Surrey, na Universidade de Surrey, no Reino Unido.

Níveis próximos de 2006

O professor Clive Dyer, especialista em clima espacial do Centro Espacial de Surrey, confirmou a gravidade do evento: “Este foi o evento de nível do solo mais forte que vimos desde dezembro de 2006”. Ele destacou que monitores de nêutrons globais registraram aumentos significativos. Os novos monitores instalados no Reino Unido em Lerwick, Guildford e Camborne permitirão um mapeamento detalhado do impacto global do fenômeno.

Em altitudes de 40.000 pés, a radiação atingiu picos que foram quase 10 vezes os níveis normais de fundo por um breve período, marcando os níveis mais altos observados desde 2006.

Preocupações com a eletrônica de bordo

Embora a tempestade solar recente não tenha representado riscos imediatos para a saúde dos passageiros e tripulantes, os pesquisadores expressam preocupação com o potencial de eventos futuros mais intensos, sobretudo no que diz respeito à interrupção dos sistemas eletrônicos de bordo.

A equipe estima que no auge desta tempestade, a ocorrência de “erros de evento único”— que são inversões de bits na memória do computador de bordo causadas pelas partículas energéticas — pode ter atingido a taxa de aproximadamente 60 erros por hora por gigabyte.

A tempestade foi medida em tempo real pelo Met Office do Reino Unido e pelo Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos (KNMI), utilizando balões meteorológicos equipados com os sensores do Centro Espacial de Surrey, abrangendo tanto as altitudes de voo comercial quanto as de jatos executivos e transporte supersônico.

“Nossos sensores forneceram a imagem mais nítida até agora de quão rapidamente as condições podem mudar em altitudes de aviação”, afirmou o professor Dyer. Ele enfatizou a necessidade de preparo, lembrando que, apesar do Sol ter estado “relativamente calmo” nas últimas duas décadas, eventos significativamente maiores são historicamente possíveis. O pico de radiação de 11 de novembro representou apenas cerca de dois por cento do maior evento já registrado, em 1956, quando alguns aviões poderiam ter recebido mais de 100 vezes a dose normal de radiação.

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