Brasil na mira: EUA intensificam a cruzada tarifária contra injustiças comerciais
O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) anunciou nesta terça-feira a abertura de uma investigação formal contra o Brasil. A medida busca determinar se as políticas e ações do governo brasileiro são “irracionais ou discriminatórias” ou se impõem barreiras que restringem o comércio com os EUA. Essa investigação abrangente, conduzida sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, pode resultar em ações corretivas por parte de Washington.
As preocupações dos EUA se estendem por diversas áreas cruciais para as relações comerciais bilaterais. Entre as questões que serão minuciosamente revisadas, destacam-se:
- Comércio Digital e Serviços de Pagamento Eletrônico: O USTR alega que o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas no setor digital, impondo restrições ou retaliando em questões de liberdade de expressão em plataformas digitais.
- Tarifas Preferenciais: Washington acusa o Brasil de conceder tarifas preferenciais a outros parceiros comerciais, o que desfavoreceria as exportações dos EUA.
- Proteção da Propriedade Intelectual: Há uma forte preocupação com as deficiências na proteção dos direitos de propriedade intelectual no Brasil, algo que, segundo o USTR, afeta diretamente setores inovadores e criativos da economia americana.
- Acesso ao Mercado de Etanol: Os EUA criticam a recente imposição de altas tarifas sobre as exportações de etanol norte-americano para o Brasil, indo contra compromissos anteriores de acesso quase isento de impostos.
- Combate à Corrupção e Transparência: A falha do Brasil em cumprir regulamentações anticorrupção e medidas de transparência também é um ponto de inquietação para a agência federal americana.
- Desmatamento Ilegal: A investigação abordará ainda o papel do Brasil no combate ao desmatamento ilegal. O USTR argumenta que a falta de fiscalização e aplicação das leis ambientais cria uma vantagem competitiva injusta para produtores brasileiros de madeira e produtos agrícolas em comparação com seus equivalentes americanos.
Ordem direta de Trump e acusações de “ataques”
O representante comercial Jamieson Greer esclareceu que a investigação está sendo conduzida sob a direção direta do presidente Donald Trump. Greer não poupou críticas, denunciando “os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”.
Em um comunicado, Greer afirmou: “Após consultar outras agências governamentais, consultores autorizados e o Congresso, determinei que as barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil justificam uma investigação completa e, potencialmente, uma ação corretiva.”
A abertura desta investigação sinaliza uma escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, e os desdobramentos podem ter impactos significativos em diversos setores da economia brasileira.
