Bolsonaro reúne multidão em Brasília por anistia com discursos inflamados; veja vídeos
Em uma tarde marcada por fervor político e apelos à anistia, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomaram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta quarta-feira (7), atendendo a uma convocação do próprio Bolsonaro. O objetivo central da manifestação era pressionar pela anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
A concentração teve início por volta das 16h, na antiga Funarte, de onde os manifestantes seguiram em marcha pelo Eixo Monumental até a Avenida José Sarney, nas proximidades do Congresso Nacional. O trânsito foi parcialmente bloqueado durante o percurso, evidenciando a dimensão do ato.
Bolsonaro, acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, liderou a manifestação a partir de um carro de som. O evento começou com uma oração, onde o ex-presidente foi apresentado como um homem salvo por um “milagre” para cumprir uma “missão divina”. A atmosfera era de fortes emoções, com orações e cânticos frequentes.
Entre os manifestantes, cartazes com o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ganharam destaque. Fux, que tem divergido das penas aplicadas aos condenados pelo 8 de janeiro, tornou-se uma figura de apoio para os bolsonaristas, embora suas opiniões tenham sido votos vencidos dentro do STF.
A manifestação também trouxe à tona uma nova moda: camisetas com a imagem do bilionário Elon Musk, em tom de ironia ao jargão petista de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A trilha sonora do evento, composta por músicas que ecoava argumentos em defesa da anistia, minimizando os atos de 8 de janeiro. “Não houve golpe, nem tentativa de golpe. Só tinha idosos. Como teria um golpe?”, dizia um trecho de uma das canções.
Ao lado de Bolsonaro, políticos como senadores, deputados federais e estaduais, vereadores e líderes religiosos como Silas Malafaia e Padre Kelmon, endossaram o clamor pela anistia. Bolsonaro, em seu discurso, enviou um recado direto ao STF, afirmando que, caso o Congresso aprove um projeto de anistia, “ninguém poderá se meter”.

Cartazes em alusão à prisão da cabeleireira Débora dos Santos, que pixou a estátua “A Justiça” em frente ao STF, também foram distribuídos. A frase “Cuidado, usar essa arma (batom) pode te condenar a 14 anos de prisão” estampava os cartazes, enquanto alguns manifestantes carregavam batons gigantes, símbolo do movimento pró-anistia.
Além dos pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, cartazes de apoio a Luiz Fux, com dizeres como “Fux, unidos na fé”, também eram vistos entre os manifestantes.
Durante a marcha ao Congresso, políticos se revezaram em discursos inflamados. Os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), os senadores Magno Malta (PL-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fez questão de citar ministros do STF em seu discurso, participaram dos discursos.

Malafaia destaca declaração de Fux
Silas Malafaia, em seu discurso, destacou a declaração de Luiz Fux sobre a inexistência de provas que justificassem as acusações de golpe de estado contra os manifestantes do 8 de janeiro. Ele repetiu as palavras de Fux, que negou a existência de evidências de “associação armada” ou de uma tentativa de violência ao Estado Democrático de Direito.
Malafaia também fez um apelo ao Congresso Nacional, convocando os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, a pautarem o Projeto de Lei da Anistia. “O julgamento pertence ao judiciário, enquanto a questão da anistia é exclusiva do poder legislativo”, declarou.
Nikolas crítica Motta
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também discursou, criticando Hugo Motta por não colocar em pauta o pedido de urgência do projeto de lei da anistia. Ele expressou sua indignação com a aprovação do aumento de vagas na Câmara, argumentando que a anistia é uma prioridade maior. “Deputado Hugo Mota, presidente aqui dessa Casa, você foi eleito com os nossos votos, confiamos (em você), e o povo brasileiro está aqui caminhando e pedindo para você: ‘Paute a anistia por honra, por dignidade, por fazer o que é certo'”, declarou Ferreira.
