Ato pró-anistia: apoiadores de Bolsonaro vão à Esplanada em Brasília exigir “perdão total” para condenados pelo 08/01
Um grupo de bolsonaristas realizou um ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta terça-feira (7), exigindo anistia total para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros indivíduos condenados por tentativa de golpe de Estado. A manifestação, organizada por aliados e familiares de Bolsonaro, incluindo o pastor Silas Malafaia, seguiu em caminhada em direção ao Congresso Nacional.
O protesto foi convocado em um momento em que a proposta de anistia completa perdeu força na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), trabalha agora para articular a votação de um projeto mais brando, focado na redução das penas (dosimetria), conforme imputado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Discursos pressionam por “perdão completo”
Apesar das negociações no Congresso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, afirmou aos manifestantes que o projeto de perdão total estava prestes a ser aprovado. “Nós estamos a um passo de conseguir aprovar essa anistia”, declarou, incentivando os presentes a continuarem pressionando: “Vocês, além de testemunhas, são atores ativos em mais um ato pela anistia para que o Congresso ouça a nossa voz”.
Outros parlamentares discursaram contra a proposta de redução de penas. A deputada Bia Kicis (PL-DF) rejeitou publicamente a dosimetria: “Nós não queremos qualquer coisa. Não queremos qualquer um. Nós queremos Bolsonaro. Nós não queremos dosimetria. Nós não queremos redução de pena. No Brasil já teve muitas anistias”.
Em vídeo de convocação, Silas Malafaia ironizou os atos recentes da esquerda, que contaram com a presença de artistas. O pastor afirmou que, no ato bolsonarista, “os artistas são as famílias das pessoas injustiçadas”.
Referências americanas no ato
Assim como em manifestações anteriores, o protesto em Brasília exibiu fortes referências aos Estados Unidos. Comerciantes vendiam camisetas e bandeiras ligadas à política americana:
- Lei Magnitsky: Camisetas com referências à lei usada para sancionar o ministro do STF Alexandre de Moraes foram vendidas a R$ 40.
- Trump e Bolsonaro: Bandeiras com os dois ex-presidentes lado a lado, e a frase “O Brasil grande novamente” (uma adaptação do slogan de Trump, Make America Great Again), também estavam disponíveis.
- Reeleição de Trump: Outras camisetas faziam menção a uma candidatura de Donald Trump em 2028, apesar de a Constituição dos EUA limitar a dois o número de mandatos presidenciais.
A presença ostensiva da bandeira dos Estados Unidos e o alinhamento com a política americana já havia repercutido internacionalmente, sendo avaliada pelo The New York Times como um “novo símbolo da direita brasileira”.
No início do evento, um dos locutores admitiu que o público não era grande para uma terça-feira, mas justificou que a intenção era “mandar uma mensagem através dos olhos do brasiliense”.
