Ucrânia intensifica ofensiva a refinarias e russos enfrentam grave racionamento de combustível
A Rússia, uma das maiores potências energéticas do mundo, está enfrentando uma grave escassez de combustível. Semanas de ataques de drones ucranianos a refinarias de petróleo em todo o país prejudicaram a capacidade de produção, resultando em postos de gasolina vazios, preços em alta e longas filas para os motoristas.
A Ucrânia intensificou sua campanha de ataques com drones durante o verão, visando a infraestrutura de energia russa. Analistas estimam que os recentes ataques já interromperam cerca de 17% da capacidade de refino da Rússia, o que equivale a aproximadamente 1,1 milhão de barris por dia. De 2 a 24 de agosto, a Ucrânia teria realizado pelo menos uma dúzia de ataques, a maioria deles atingindo instalações no sudoeste do país.
A escassez de combustível é mais sentida nas regiões mais distantes, como o Extremo Oriente, o sul da Rússia e a Crimeia. Motoristas relatam que a falta de gasolina comum A-95 os obriga a comprar tipos mais caros. Na última quarta-feira, uma forte explosão atingiu o oleoduto Ryazan-Moscou, uma das principais artérias de abastecimento de combustível para a capital russa.
Crise mais grave em anos
Segundo o analista de petróleo e gás Boris Aronstein, embora crises de combustível já tenham ocorrido na Rússia, esta é a mais séria dos últimos anos. Ele explica que os ataques com drones são “massivos, coordenados e repetidos”, o que impede as refinarias de fazerem os reparos necessários.
Os preços do combustível no atacado dispararam, com a gasolina A-95 atingindo níveis recordes, quase 54% mais cara do que em janeiro. Embora a Rússia seja uma grande exportadora de petróleo, grande parte de seu sistema de refino é voltado para produtos de exportação, o que agrava a falta de combustível para consumo interno. Além disso, as sanções ocidentais dificultaram a importação de tecnologia para reparos.
Impacto na população e nas Forças Armadas
As redes sociais russas foram inundadas com vídeos de motoristas frustrados em longas filas. Uma postagem popular no Telegram brincou que “abastecer agora é quase como ir a uma butique: você sai para comprar um litro e volta com a carteira vazia”.
A crise é agravada pelo fato de que agosto é o período de maior demanda por causa da colheita e da manutenção programada das refinarias. A Crimeia, que teve seus aeroportos fechados devido à ameaça de drones, sentiu ainda mais o impacto com o aumento do tráfego de turistas nas estradas.
Apesar da escassez ser incômoda para o Kremlin, especialistas afirmam que ela provavelmente não afetará o esforço de guerra da Rússia por enquanto, já que grande parte da frota industrial e militar do país utiliza diesel, do qual a Rússia ainda tem excedente. No entanto, se os ataques com drones continuarem, o racionamento de gasolina pode se tornar necessário no inverno.
