Zelensky clama por resposta urgente à medida que Kiev enfrenta a fúria russa em sete distritos
Em meio a um dos maiores ataques russos contra Kiev desde o início da guerra, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, expressou sua frustração com o presidente Donald Trump, pedindo “ações concretas” em vez de “silêncio”. Sete dos dez distritos da capital ucraniana foram atingidos durante a noite, resultando em mortes e danos generalizados.
Na terça-feira, a Ucrânia sofreu um ataque aéreo implacável, com o lançamento de 315 drones e sete mísseis contra alvos em todo o país, incluindo Odessa. Contudo, Kiev foi o epicentro do bombardeio, que durou mais de cinco horas. Este assalto noturno é visto como uma resposta do Kremlin à Operação Spiderweb da Ucrânia, que na semana passada atingiu bombardeiros nucleares russos.
Destruição e apelo por uma resposta global
Os ataques de terça-feira mataram três pessoas e ocorreram após um recorde de 419 drones lançados contra a Ucrânia na noite anterior. As defesas aéreas ucranianas conseguiram abater sete mísseis e 213 drones de ataque. O ministro da Cultura ucraniano, Mykola Tochytskyi, confirmou que a Catedral de Santa Sofia, patrimônio mundial da UNESCO no centro histórico de Kiev, foi danificada. Ele lamentou que “o inimigo atacou novamente o coração da nossa identidade”, referindo-se ao local como “a alma de toda a Ucrânia”.
Em uma declaração no Telegram, Zelenskyy criticou a aparente falta de resposta dos EUA e de outros países à intensificação dos ataques russos, fazendo uma clara alusão a Trump, que tem se esquivado da questão de novas sanções econômicas ao Kremlin. “Os ataques russos com mísseis e Shaheds [drones] são mais barulhentos do que os esforços dos Estados Unidos e de outros países para forçar a Rússia à paz”, disse Zelenskyy. Ele destacou que “casas comuns e infraestrutura urbana foram danificadas, e até mesmo uma maternidade em Odessa se tornou um alvo russo”, resultando em 13 feridos e, infelizmente, mortes.
Zelenskyy enfatizou que a resposta a esses ataques deve ser de “ações concretas”, não de “silêncio do mundo”. Ele pediu ações dos Estados Unidos, que “têm o poder de forçar a Rússia à paz”, da Europa, “que não tem alternativa a não ser ser forte”, e de outros países que clamaram por diplomacia e foram ignorados por Moscou. “É necessária uma forte pressão pela paz”, concluiu.
Em resposta a essa escalada, a União Europeia deve anunciar um novo pacote de sanções contra a Rússia na terça-feira, incluindo uma proposta para reduzir o preço de venda do petróleo russo.
Em Kiev, o zumbido dos drones e as explosões ecoaram durante toda a noite, com as autoridades locais instruindo os moradores a buscarem abrigo. A cidade amanheceu com cheiro de fumaça, edifícios residenciais carbonizados e restos de carros nas ruas. Devido à má qualidade do ar, a população foi aconselhada a manter as janelas fechadas e evitar atividades desnecessárias ao ar livre.
Timur Tkachenko, chefe do distrito militar de Kiev, descreveu a noite como “difícil para todos nós”, afirmando que “o inimigo aterrorizou Kiev implacavelmente com drones de ataque”, visando “a infraestrutura civil e moradores pacíficos da cidade”. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, reforçou o pedido por sanções mais duras à Rússia e defesas aéreas para fortalecer a Ucrânia. “A Rússia rejeita qualquer esforço de paz significativo e deve enfrentar novas e devastadoras sanções. Já. Não há mais tempo para esperar”, disse Sybiha.
Em Odessa, dez ataques de drones feriram nove pessoas e mataram duas, incluindo um homem de 59 anos, e uma maternidade estava entre os prédios danificados. O governador regional de Odessa, Oleh Kiper, confirmou que “os russos atingiram uma maternidade, uma ala médica de emergência e prédios residenciais”.
Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelenskyy, alegou que a Rússia atacou infraestrutura civil, escrevendo que “a Rússia mente todos os dias sobre querer a paz e todos os dias ataca civis”. Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia declarou ter atacado “instalações ucranianas de aviação, mísseis, veículos blindados e construção naval em Kiev” com um “ataque em grupo”, afirmando que “o objetivo dos ataques foi alcançado. Todos os objetos designados foram atingidos”.
