Variante mutante da gripe K se espalha pelos EUA e vira motivo de preocupação
Com a proximidade das festas de fim de ano, uma nova preocupação sanitária surge no cenário internacional. Uma variante mutante do vírus influenza A, especificamente do subtipo H3N2, está causando surtos graves no exterior e já começa a se disseminar de forma acelerada por diversos países.
Especialistas alertam que esta versão, denominada subclado K, adquiriu mutações que podem facilitar o escape da imunidade proporcionada pelas vacinas atuais, gerando apreensão sobre o impacto do rigoroso inverno que se aproxima no hemisfério norte.
Identificado inicialmente na Europa em meados deste ano, o subclado K espalhou-se rapidamente pelo Reino Unido, Japão e Leste Asiático antes de cruzar o oceano em direção à América do Norte. No Japão, o avanço foi tão avassalador que o país declarou estado de epidemia precocemente.
Já no Reino Unido, as autoridades de saúde alertam para um dos invernos mais desafiadores das últimas décadas. Nos Estados Unidos, o monitoramento genômico realizado pela rede GISAID já detectou a presença dessa variante em mais de 30 estados, incluindo Nova York, Texas, Flórida e Califórnia, confirmando que o vírus já circula amplamente em solo americano.
O grande ponto de atenção para os virologistas é o chamado “desvio antigênico”. O vírus da gripe sofre mutações constantes, e o subclado K surgiu após a seleção das cepas que compõem a vacina da temporada 2025-2026. Com sete novas mutações genéticas, os cientistas acreditam que o sistema imunológico pode não reconhecer essa nova variante com a mesma eficácia. Robert Hopkins Jr., diretor médico da Fundação Nacional de Doenças Infecciosas, destaca que o H3N2 tradicionalmente já causa quadros clínicos mais severos do que outras cepas, o que torna o surgimento de uma versão mutante ainda mais preocupante para hospitais e sistemas de saúde.
Impacto na População e grupos de risco
Embora a temporada de gripe costume atingir seu pico entre dezembro e fevereiro, os dados atuais já mostram um aumento atípico de casos, especialmente entre jovens e crianças. Nos EUA, o CDC já contabiliza cerca de 3 milhões de casos e 30 mil hospitalizações, além do registro trágico da primeira morte pediátrica da temporada na Carolina do Norte. Especialistas explicam que o H3N2 é particularmente agressivo para idosos e crianças pequenas. O aumento súbito na positividade dos testes tem levado algumas instituições de ensino a fecharem as portas temporariamente e hospitais a restringirem visitas para conter a disseminação.
Apesar da incompatibilidade parcial entre a vacina atual e o subclado K, especialistas reforçam que a imunização continua sendo a melhor ferramenta de defesa. A vacina de 2025-2026 protege contra outras cepas em circulação, como a H1N1 e a Influenza B, e, mesmo no caso da H3N2 mutante, ela ainda é capaz de reduzir drasticamente o risco de complicações graves, internações e óbitos. Como o organismo leva cerca de duas semanas para desenvolver a imunidade completa, a recomendação é que a vacinação ocorra o quanto antes para garantir proteção durante as reuniões familiares de fim de ano.
Sintomas e orientações médicas
Os sintomas da nova variante assemelham-se aos da gripe sazonal comum, mas costumam surgir de forma súbita e intensa. Os pacientes devem estar atentos a febre alta, calafrios, dores intensas no corpo e na cabeça, fadiga extrema, tosse e congestão nasal. Devido à semelhança com os sintomas da COVID-19, o uso de testes rápidos “3 em 1” é altamente recomendado. Caso o diagnóstico seja confirmado, o tratamento com antivirais pode ser iniciado sob orientação médica para reduzir a duração da doença. Autoridades reforçam: a gripe não é um resfriado comum e sinais de dificuldade respiratória ou desidratação exigem atendimento médico imediato.


