Trump próximo da decisão do envio de mísseis Tomahawk para a Ucrânia; Rússia alerta para perigosa escalada
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na segunda-feira que está próximo de decidir se fornecerá à Ucrânia os mísseis de cruzeiro de longo alcance Tomahawk. O anúncio vem com uma ressalva: Trump quer analisar a lista de alvos primeiro.
“Eu meio que tomei uma decisão. Acho que quero descobrir o que eles estão fazendo com eles, para onde estão enviando, eu acho. Preciso fazer essa pergunta”, disse Trump a repórteres no Salão Oval, minimizando a expectativa de escalada de conflito.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem solicitado os mísseis há meses, argumentando que os Tomahawks dariam a Kiev a capacidade de atingir alvos em profundidade na Rússia, potencialmente alcançando Moscou. Zelensky sugeriu que isso forçaria as autoridades russas a se preocuparem com abrigos antiaéreos e levaria o presidente russo, Vladimir Putin, a iniciar negociações diretas.
O poder de fogo dos Tomahawk
Com um alcance operacional entre 1.600 e 2.500 quilômetros e uma ogiva de cerca de 400-450 quilos, os Tomahawks superam drasticamente o alcance dos mísseis atualmente fornecidos pelo Ocidente, como o Storm Shadow (limitado a cerca de 250 km).
A Ucrânia planeja usar os Tomahawks, que voam em baixa altitude e podem ser reprogramados em voo, para intensificar ataques contra:
Bases aéreas, como a de Olenya, em Murmansk, uma das principais plataformas de lançamento de ataques russos.
Instalações de energia, dado que ataques recentes com drones ucranianos já teriam interrompido cerca de 40% da capacidade de refino de petróleo da Rússia.
Para usar os mísseis, que são normalmente lançados de navios e submarinos, Kiev precisará adaptar uma infraestrutura de lançamento terrestre, algo que a Ucrânia já demonstrou ser capaz de fazer com outras armas ocidentais.
A reação de Moscou
O presidente Vladimir Putin afirmou recentemente que o fornecimento dos Tomahawk “levaria à destruição” da “tendência positiva emergente” nas relações EUA-Rússia e que exigiria a participação direta de militares americanos nos ataques ucranianos, o que representaria um “novo estágio de escalada”.
Nesta terça-feira, o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, reiterou que a possível entrega representaria uma “grave escalada de tensões”. Peskov destacou que os Tomahawk também podem transportar carga nuclear, o que agrava o risco, mas minimizou o impacto no campo de batalha.
Já o ex-presidente e vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, ironizou Trump, comparando-o a Joe Biden e sugerindo sarcasticamente que os mísseis seriam lançados contra capitais europeias.
Mudança de postura de Trump
O ex-enviado de Trump para negociações com a Ucrânia, Kurt Volker, sugeriu que a mudança de postura do presidente dos EUA é, em parte, pessoal. Segundo Volker, Putin teria “mentido para Donald Trump” sobre sua intenção de negociar e se encontrar com Zelensky, fazendo Trump “parecer fraco” para líderes europeus. A frustração pessoal estaria por trás da reavaliação do envio dos mísseis de longo alcance.
