Trump ordena apreensão de novo petroleiro perto da Venezuela com o objetivo de ‘asfixiar’ o regime de Maduro

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As tensões entre Washington e Caracas ganharam um novo capítulo neste domingo (21) com a notícia de que as forças dos Estados Unidos interceptaram um terceiro petroleiro próximo à costa venezuelana. A informação, veiculada pelas agências Bloomberg e Reuters, sinaliza o endurecimento do bloqueio naval imposto pela administração de Donald Trump.

Embora o local exato da operação não tenha sido divulgado, há divergências sobre os detalhes da abordagem. Enquanto fontes da Bloomberg indicam que militares americanos já teriam tomado o controle do navio Bella 1, de bandeira panamenha, a Reuters relata que a embarcação está sendo perseguida e monitorada, mas que uma invasão física ainda não teria ocorrido até o momento.

Justificativas legais e o uso de bandeiras falsas

De acordo com representantes do governo americano, o Bella 1 estaria navegando sob sanções e utilizando uma bandeira falsa para tentar chegar à Venezuela, onde seria carregado. Autoridades de Washington destacaram que o conceito de “interceptação” pode variar, incluindo desde o embarque de tropas até manobras de intimidação, como voos rasantes ou navegação próxima para impedir o curso da embarcação.

Esta ação faz parte de um plano maior de “bloqueio total” anunciado recentemente pela Casa Branca. Curiosamente, nem todos os navios detidos nos últimos dias constavam nas listas oficiais de sanções prévias, como foi o caso de uma embarcação apreendida no sábado (20). Com o Bella 1, sobe para três o número de petroleiros detidos em um curto período, somando-se às apreensões dos navios Centuries e Skipper.

A reação de Nicolás Maduro e as acusações de pirataria

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reagiu rapidamente às notícias. Em suas redes sociais, o mandatário classificou as ações americanas como uma campanha de agressão e terrorismo psicológico. Maduro utilizou o termo “corsários” para descrever as forças dos EUA, acusando-as de praticar pirataria internacional ao assaltar embarcações em águas territoriais ou próximas a elas.

O governo venezuelano já havia classificado o bloqueio como uma ameaça grotesca e irracional, alertando que as apreensões não ficariam impunes. Por outro lado, a Casa Branca mantém o silêncio oficial sobre os detalhes desta última interceptação, embora a chefe de gabinete, Susie Wiles, tenha indicado em entrevistas recentes que o objetivo é manter a pressão militar até que o regime de Maduro ceda.

O peso estratégico do petróleo venezuelano

A ofensiva dos EUA mira o coração econômico da Venezuela, detentora da maior reserva comprovada de petróleo do mundo, com cerca de 303 bilhões de barris. O interesse americano é tanto político quanto logístico, já que o petróleo pesado venezuelano é ideal para o processamento nas refinarias localizadas no Golfo do México.

As sanções impostas desde 2019 forçaram Caracas a recorrer a uma “frota fantasma” para exportar seu produto, principalmente para a China, seu maior comprador. No entanto, as táticas de ocultação de localização e o uso de navios já sancionados por ligacões com o Irã e a Rússia têm sido o alvo principal da vigilância americana, resultando em uma crise de armazenamento em solo venezuelano, já que os navios não conseguem deixar os portos ou são interceptados no caminho.

Impactos no mercado global e contexto militar

A continuidade deste embargo pode gerar reflexos nos preços globais do combustível. Analistas acreditam que a retirada de cerca de um milhão de barris diários do mercado tende a elevar as cotações internacionais. Além da questão energética, os EUA justificam a mobilização militar no Caribe como parte de uma operação contra o contrabando de fentanil e outras drogas.

Desde setembro, essa ofensiva militar resultou em diversos ataques a embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico. O cenário atual reflete uma estratégia de asfixia econômica e pressão militar direta que coloca a região em um estado de alerta constante, transformando as rotas comerciais marítimas em um palco de confronto geopolítico.

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