Trump anuncia “fase final” para paz na Ucrânia após reunião com Zelensky em Mar-a-Lago enquanto Rússia intensifica ataques
O cenário político internacional voltou seus olhos para a Flórida neste domingo, onde o presidente americano Donald Trump recebeu o líder ucraniano Volodymyr Zelensky em sua residência, Mar-a-Lago.
Em um tom otimista que contrasta com a violência nos campos de batalha, Trump declarou que os esforços diplomáticos para encerrar o conflito entre Rússia e Ucrânia atingiram sua etapa decisiva. Segundo o republicano, ambos os lados demonstram disposição para um entendimento rápido, evitando que o embate se prolongue por tempo indeterminado.
A movimentação diplomática de Trump incluiu uma extensa conversa telefônica com Vladimir Putin horas antes do encontro formal com a delegação ucraniana. Embora Trump tenha elogiado a coragem de Zelensky e de sua equipe, o ambiente em Mar-a-Lago foi marcado por uma formalidade rígida, sem os abraços ou a recepção calorosa que o presidente americano reservou a Putin em encontros anteriores. No centro das discussões está um plano de paz que já teria 90% de seus pontos acordados, restando impasses críticos sobre o futuro da região de Donbas.
Divergências territoriais e a sombra de Moscou
Apesar do otimismo declarado pela Casa Branca, os detalhes das propostas revelam um abismo entre as pretensões de Moscou e as necessidades de Kiev. Enquanto Putin exige a entrega de territórios no norte de Donetsk, Zelensky propõe uma zona desmilitarizada e um cessar-fogo imediato de 60 a 90 dias, que precederia um referendo popular.
A Rússia, por meio de seus conselheiros, sinalizou que qualquer trégua proposta pela Europa ou pela Ucrânia seria vista como um artifício para prolongar as hostilidades, mantendo suas exigências máximas intactas.
Observadores e ex-diplomatas ucranianos alertam para uma possível estratégia de sabotagem por parte do Kremlin, que mantém contato direto com Trump para influenciar as decisões americanas.
O histórico recente de recuos de Washington no envio de armamentos de longo alcance, após diálogos com Moscou, alimenta o receio de que o plano atual possa resultar em uma capitulação prática da Ucrânia, especialmente diante da ausência de compromissos militares firmes dos EUA para garantir a segurança futura do país.
Escalada militar em meio à diplomacia
Enquanto as conversas ocorriam na Flórida, o conflito terrestre e aéreo atingiu novos picos de agressividade. A capital ucraniana, Kiev, foi alvo de um bombardeio massivo que deixou centenas de milhares sem energia e resultou em mortes civis.
Para Zelensky e aliados internacionais, como o primeiro-ministro canadense Mark Carney, esses ataques são a resposta real da Rússia aos esforços de paz. Trump, no entanto, evitou condenar as ações russas, preferindo destacar que a Ucrânia também realiza ataques fortes contra o território vizinho.
No front oriental, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a captura de localidades estratégicas pouco antes do início da reunião na Flórida, uma manobra interpretada como uma demonstração de força para convencer Trump da inevitabilidade de uma vitória russa em Donbas. Do outro lado, as forças ucranianas negam as perdas e relatam contra-ataques bem-sucedidos em refinarias e cidades recuperadas, mantendo a resistência em uma guerra que já se aproxima do seu quarto ano.
O futuro das relações transatlânticas
O encontro em Mar-a-Lago contou com uma comitiva de alto nível de ambos os lados, incluindo figuras como Jared Kushner, Marco Rubio e Rustem Umerov. O esforço ucraniano agora foca em equilibrar a relação com uma Casa Branca simpática à Rússia, enquanto busca manter o apoio incondicional dos parceiros europeus. Zelenskyy reforçou que a reunião foi estritamente bilateral, focada em garantias de segurança e cronogramas de implementação, mas a volatilidade do apoio americano permanece como a maior incerteza para o destino da nação.
Para especialistas e organizações humanitárias, a paz continua sendo um objetivo distante enquanto o agressor direto não se comprometer formalmente com a retirada de tropas. A ausência de Putin na mesa de negociações de domingo e a continuidade dos ataques pesados sugerem que, apesar da retórica de “fase final” de Trump, o caminho para o fim definitivo das hostilidades ainda enfrenta barreiras estruturais e uma profunda desconfiança mútua.


