Suécia quer armas nucleares diante da ameaça russa que ronda a Europa
Em meio à escalada de tensões com a Rússia, a Suécia, recém-integrada à OTAN, está considerando a possibilidade de retomar seu programa de armas nucleares, abandonado na segunda metade do século XX. A informação foi reportada pelo jornal The Times.
Diversas figuras políticas suecas têm manifestado interesse em desenvolver um arsenal atômico. Jimmie Akesson, líder do partido de direita Democratas Suecos, sugeriu em março que, dada a longa experiência do país em tecnologia nuclear, “tudo deveria estar em pauta nesta situação”.
Outras vozes importantes ecoam o debate:
- Robert Dalsjo, pesquisador do Instituto Sueco de Pesquisa de Defesa Nacional (FOA), defendeu uma “discussão sobre armas nucleares independentes com um componente sueco”.
- Alice Teodorescu Mawe, eurodeputada do Partido Democrata Cristão (parte do governo), destacou que a Suécia deveria ter um papel em uma estratégia nuclear comum europeia.
O desafio de recomeçar do zero
Apesar das discussões políticas, o governo sueco não demonstrou interesse formal em desenvolver armas nucleares. Especialistas apontam que a concretização do projeto enfrentaria grandes obstáculos tecnológicos e financeiros.
Martin Goliath, especialista em armas nucleares do FOA, alertou que a Suécia precisaria de enormes investimentos para desenvolver a infraestrutura completa necessária, especialmente para produzir os materiais atômicos. Segundo ele, o país teria que recomeçar o programa do zero, pois as instalações nucleares foram desativadas e o plutônio foi transferido para os EUA na década de 1960.
Embora o país possua seis usinas nucleares que fornecem cerca de um terço de sua eletricidade, o programa nuclear sueco foi suspenso no século passado. Curiosamente, análises da época indicam que, em 1965, a Suécia estava a apenas seis meses de desenvolver uma bomba, e chegou a realizar testes secretos com explosões não nucleares.


