STF dá prazo para manifestação da PGR sobre possível plano de fuga de Bolsonaro
Em uma nova etapa do caso que apura uma suposta trama golpista, o ministro do STF Alexandre de Moraes concedeu um prazo de 48 horas para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) emita um parecer sobre as explicações de Jair Bolsonaro. A defesa do ex-presidente, em um documento de 12 páginas, tenta refutar as acusações de que ele desrespeitou medidas cautelares e planejou uma fuga para a Argentina.
A visão da defesa de Bolsonaro
A defesa de Bolsonaro critica duramente o relatório da Polícia Federal, classificando-o como uma “peça política” e um ato de “lawfare”, ou seja, o uso da lei com fins de perseguição política. Os advogados argumentam que o relatório da PF se baseia em boatos e informações irrelevantes para a investigação, servindo apenas para desmoralizar o ex-presidente.
Sobre o suposto plano de fuga:
Os advogados negam que houvesse um plano de fuga. Eles afirmam que o rascunho de pedido de asilo à Argentina, encontrado no celular de Bolsonaro, foi um documento antigo enviado por terceiros, e que o próprio relatório da PF reconhece isso. A defesa reforça que, se a intenção fosse fugir, Bolsonaro não teria comparecido a todos os atos do processo nem obedecido à proibição de viajar para o exterior.
Sobre o descumprimento de medidas cautelares:
- Mensagem de Braga Netto: A defesa argumenta que o recebimento de uma mensagem do general Walter Braga Netto, que também é réu no caso, não constitui uma violação da ordem judicial, pois Bolsonaro não respondeu, o que, segundo eles, é o oposto de manter contato.
- Uso de WhatsApp: Os advogados defendem que o uso do aplicativo de mensagens não foi proibido, pois é uma ferramenta de comunicação privada, diferente de redes sociais públicas. Eles também ressaltam que a proibição de contato com o filho, Eduardo Bolsonaro, veio depois das conversas investigadas pela PF.
- Movimentações financeiras: A defesa contesta as suspeitas de lavagem de dinheiro levantadas pela PF, afirmando que uma transferência via PIX para a esposa de Bolsonaro, com origem lícita, foi divulgada de forma distorcida e sensacionalista.
O relatório da Polícia Federal
A Polícia Federal mantém a sua posição. O relatório, que levou ao indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro, acusa o ex-presidente de continuar se comunicando com aliados, apesar das proibições judiciais. Além disso, a PF destaca que a descoberta do rascunho de pedido de asilo à Argentina, direcionado ao presidente Javier Milei, indica um “acentuado risco de fuga”.
No documento, Bolsonaro alegava perseguição política, temia ser preso injustamente e temia por sua própria vida. O relatório da PF acusa os Bolsonaro de coação e de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com o objetivo de pressionar o STF e abrir caminho para uma possível anistia a eles e a outros réus.
