Protestos violentos explodem em Bruxelas e agricultores entram em confronto com a polícia contra o acordo UE-Mercosul; vídeos

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O clima de tensão atingiu o ápice em Bruxelas nesta quinta-feira, quando milhares de agricultores transformaram o bairro europeu em um cenário de protestos violentos. Cerca de mil tratores invadiram a capital belga, bloqueando estradas e cercando a sede da cúpula de líderes da União Europeia. O que começou como uma manifestação contra o acordo de livre comércio com o Mercosul rapidamente evoluiu para confrontos diretos com a polícia de choque.

Manifestantes atearam fogo em pneus e feno, além de arremessarem batatas e outros objetos contra as autoridades, que responderam com canhões de água e gás lacrimogêneo. Em meio ao caos, atos de vandalismo foram registrados, incluindo a quebra de vidraças no prédio do Parlamento Europeu, enquanto uma densa fumaça preta cobria as ruas vizinhas.

A principal motivação por trás da revolta, que reuniu pelo menos 7.000 produtores rurais, é a ameaça representada pela entrada maciça de produtos agrícolas provenientes do Brasil e de seus vizinhos do Mercosul. Os produtores europeus, liderados especialmente por franceses e belgas, argumentam que o pacto facilitaria a chegada de carne bovina, açúcar, arroz e soja produzidos sob normas ambientais e sanitárias muito menos rigorosas do que as exigidas na Europa.

O produtor de leite belga Maxime Mabille expressou o sentimento de indignação do grupo ao classificar a postura da Comissão Europeia como autoritária, acusando a presidente Ursula von der Leyen de tentar impor o acordo sem considerar as consequências para a subsistência dos agricultores locais, que também temem cortes nos subsídios do bloco.

Divergências políticas ameaçam a conclusão do pacto comercial

Enquanto a fumaça dos protestos tomava as ruas, dentro da cúpula o cenário era de profunda divisão diplomática. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manteve sua defesa da importância estratégica do acordo para a economia global da UE, buscando transmitir otimismo após reuniões com representantes do setor agrícola. Entretanto, o apoio ao tratado enfrenta uma resistência crescente.

A França e a Itália lideram uma frente de oposição que agora conta com o respaldo da Polônia e da Hungria, formando um bloco político capaz de rejeitar o texto no Conselho Europeu. O presidente Emmanuel Macron foi enfático ao declarar que a França não aceitará o acordo sem garantias muito mais robustas, prometendo barrar qualquer tentativa de aprovação forçada.

Entre a necessidade de exportar e o ultimato do Mercosul

Do outro lado do debate, potências industriais como a Alemanha, a Espanha e as nações nórdicas pressionam pela assinatura imediata do pacto. Para o chanceler alemão Friedrich Merz, a credibilidade comercial da União Europeia depende da conclusão deste acordo, visto como uma saída vital para impulsionar exportações de veículos e máquinas em um momento de concorrência acirrada com a China e mudanças na política comercial dos Estados Unidos.

Contudo, a demora europeia em chegar a um consenso interno gerou uma reação dura do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O líder sul-americano enviou um recado claro aos parceiros europeus, afirmando que o prazo para selar a parceria chegou ao limite, definindo o momento atual como uma oportunidade de “agora ou nunca”.

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