Poderoso ataque russo em Kiev deixa vários feridos e milhares sem energia em meio a temperaturas congelantes
A infraestrutura de Kiev sofreu um golpe severo após um ataque coordenado de drones e mísseis russos, que resultou na interrupção do aquecimento para cerca de um terço da população da capital ucraniana. Em um cenário de temperaturas próximas a 0°C, centenas de milhares de civis enfrentam o frio extremo devido aos danos causados na rede elétrica.
O presidente Volodymyr Zelenskyy informou que Moscou mobilizou quase 500 drones e 40 mísseis, incluindo modelos balísticos, em uma operação noturna que se estendeu por dez horas. Segundo o líder ucraniano, o foco da ofensiva foi deliberadamente voltado para alvos civis e instalações de energia fundamentais para a sobrevivência da população durante o inverno.
O ataque não apenas causou destruição material, mas também deixou um rastro de vítimas, com uma morte confirmada e dezenas de feridos. A agressividade da investida russa gerou reflexos imediatos na segurança regional, levando a Polônia a acionar seus caças e a fechar temporariamente os aeroportos de Rzeszów e Lublin por precaução.
Para o governo ucraniano, a violência dos bombardeios, especialmente em um período festivo de fim de ano, reforça a necessidade de uma resposta internacional mais contundente e demonstra que as pressões atuais sobre o Kremlin ainda não são suficientes para frear a máquina de guerra russa.
Diplomacia em movimento e o encontro com Trump
A escalada da violência ocorre em um momento de intensa movimentação diplomática. Zelenskyy está a caminho dos Estados Unidos para uma reunião presencial com o ex-presidente Donald Trump, na Flórida, agendada para este domingo. Antes de chegar ao território americano, o presidente ucraniano faz uma escala no Canadá para alinhar estratégias com o primeiro-ministro Mark Carney e outros aliados europeus, como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O objetivo central desses encontros é unificar o apoio ocidental à Ucrânia e buscar formas de lidar com as propostas de paz de Trump, que busca encerrar um conflito que já dura quase quatro anos.
Zelenskyy revelou que um plano de paz de 20 pontos está praticamente finalizado, restando apenas ajustes para atingir a meta de 100% de consenso entre as equipes de negociação. No entanto, o líder ucraniano admitiu que qualquer decisão que envolva questões territoriais sensíveis precisará do aval direto da opinião pública do seu país.
Por outro lado, o tom de Donald Trump permanece cauteloso; embora preveja uma boa reunião, ele ressaltou que nenhuma proposta ucraniana terá validade sem a sua aprovação prévia, mantendo o controle sobre as diretrizes das futuras negociações.
Impasses e divergências territoriais
As negociações para o fim das hostilidades enfrentam obstáculos profundos, especialmente no que diz respeito às garantias de segurança. A Ucrânia insiste em termos semelhantes ao Artigo 5º da OTAN, que prevê a defesa mútua, além de focar na reconstrução do país e na soberania sobre a região de Donbas e a usina de Zaporizhzhia.
Enquanto isso, o Kremlin sinaliza resistência. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, criticou a postura de Kiev e de seus aliados europeus, afirmando que o plano proposto por Zelenskyy diverge drasticamente das bases estabelecidas em contatos prévios entre russos e americanos.
Para Moscou, a resolução definitiva do conflito depende da aceitação das causas que originaram a crise, sob a ótica russa, sugerindo que o caminho para o acordo ainda está longe de um consenso.
Enquanto as potências discutem termos em gabinetes, a realidade no solo permanece crítica. O chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, reiterou que a resposta russa aos esforços de paz tem sido a continuidade de ataques brutais, deixando claro que a disputa diplomática ocorre paralelamente a uma tentativa de asfixia infraestrutural de cidades como Kiev.


