Petroleiro da ‘frota sombra’ da Rússia é cercado pela França sob suspeita de lançar drones no território da OTAN
A tensão geopolítica no Atlântico Norte se intensificou após militares franceses interceptarem um petroleiro ligado à “frota paralela” da Rússia. A embarcação é fortemente suspeita de ser uma plataforma de lançamento de drones misteriosos que forçaram o fechamento de aeroportos na Dinamarca na semana passada, em incidentes que as autoridades não conseguiram explicar totalmente.
Petroleiro desviado e Investigação aberta
O navio, conhecido como Boracay (e que havia recentemente mudado seu nome de Pushpa), foi abordado por um navio da marinha francesa no domingo e desviado para Saint-Nazaire, no oeste da França, enquanto transportava petróleo bruto de um terminal russo para a Índia.
A ação ocorreu após o Ministério Público francês abrir uma investigação. O promotor público de Brest, Stéphane Kellenberger, confirmou a investigação, citando a “falha da tripulação em justificar a nacionalidade do navio” e a “recusa em cooperar”. O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou a medida como uma “coisa boa”, embora o Kremlin tenha negado ter informações sobre o petroleiro ou o incidente.
O contexto dos drones e a frota sombra
O Boracay—um navio que usa a bandeira do Benim e consta na lista de sanções do Reino Unido e da UE—era um dos quatro navios ligados à Rússia monitorados nos mares próximos à Dinamarca nos dias 22 e 24 de setembro, quando drones foram avistados, levando ao fechamento dos aeroportos de Copenhague e Aalborg.
Investigadores dinamarqueses e especialistas navais suspeitam que os drones (provavelmente aeronaves maiores, de asa fixa) foram lançados de uma ou mais embarcações próximas à costa. O Boracay e outras duas embarcações comerciais, Astrol-1 e Oslo Carrier-3, além de um navio de guerra russo (Aleksandr Shabalin), estavam na área no momento das incursões.
O incidente se insere no que a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, chamou de “guerra híbrida” contra a Europa. “De uma perspectiva europeia, só há um país disposto a nos ameaçar, e esse país é a Rússia”, declarou Frederiksen.
Resposta europeia
A ameaça, que também incluiu incursões de drones em infraestruturas militares no norte da Alemanha, levou vários países europeus, incluindo o Reino Unido, a enviar defesas antidrones para auxiliar a Dinamarca. A questão da segurança e do desenvolvimento de um “muro de drones” será o tema central de uma cúpula da União Europeia (UE) em Copenhague nesta quarta-feira, seguida por uma reunião da Comunidade Política Europeia.
A interceptação francesa destaca a dificuldade em rastrear a chamada “frota fantasma” ou paralela—embarcações com propriedade disfarçada, usadas pela Rússia para contornar sanções econômicas, uma prática que o petroleiro Boracay já havia demonstrado em incidentes anteriores de detenção.
