Parlamento Europeu aprova resolução exigindo a derrubada de aviões russos que invadem o espaço aéreo dos países da Europa
Em um movimento decisivo, o Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira uma resolução que insta os Estados-membros da União Europeia a adotarem “medidas coordenadas, unidas e proporcionais contra todas as violações de seu espaço aéreo, incluindo o abate de ameaças aéreas”. A iniciativa reflete uma crescente preocupação com a segurança no flanco leste do bloco e da OTAN, especialmente após uma série de incidentes aéreos.
A resolução foi aprovada com uma ampla maioria, obtendo 469 votos a favor, 97 contra e 38 abstenções, sinalizando a urgência da questão entre os eurodeputados.
Condenação à Rússia e casos recentes
O documento condena “veementemente as ações imprudentes e escalonadas da Rússia, que violaram o espaço aéreo da Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia, entre os Estados-membros da UE e da OTAN”.
Além das violações clássicas de espaço aéreo, a resolução também denuncia supostas “incursões deliberadas de drones contra infraestruturas críticas” que teriam ocorrido na Dinamarca, Suécia e Noruega.
Estes incidentes ganharam destaque recentemente na Dinamarca, onde veículos aéreos não tripulados (VANTs) não identificados foram avistados sobre aeroportos e instalações militares no final de setembro, incluindo a Base Aérea de Skrydstryp, lar dos caças F-16 e dos recém-chegados F-35. O Ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, chegou a descrever o ocorrido como um “ataque híbrido”, levando o país a convocar urgentemente centenas de soldados da reserva. Incidentes similares com drones também levaram ao cancelamento de voos em aeroportos na Dinamarca e a relatos na Noruega.
A Polônia também já havia acusado a Rússia de colocar pelo menos 19 drones em seu espaço aéreo em 10 de setembro, uma acusação que Moscou rotulou como “histeria”.
Abate e “muro de drones” da UE
Os eurodeputados reforçam o incentivo para que a UE e seus países-membros adotem medidas de retaliação, incluindo explicitamente o abate de ameaças aéreas. O texto manifesta ainda apoio ao conceito de um “muro de drones da UE” e a iniciativas para uma maior monitorização do flanco oriental da União.
Em linha com o espírito da resolução, a Lituânia propôs o abate de aeronaves que invadam o espaço aéreo da OTAN, lembrando o precedente do caça russo Su-25 abatido pela Turquia em 2015. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, declarou que seu país está pronto para destruir quaisquer objetos hostis em seu espaço aéreo, com uma posição semelhante manifestada pelo Ministério da Defesa britânico.
Paralelamente, os Estados-membros da OTAN consideram aliviar as restrições impostas aos seus pilotos de caça quanto à destruição de alvos inimigos perto da fronteira leste da aliança.
Sanções e soberania
A resolução do Parlamento exige que a UE demonstre determinação, deixando claro que qualquer país terceiro que tentar “violar a soberania de um Estado-Membro enfrentará retaliação imediata”. Além disso, o documento insta o Conselho e a Comissão Europeia a aumentarem a “eficácia e o impacto” das sanções contra a Rússia e a fornecerem “meios apropriados” às autoridades para combater a interferência de drones russos em infraestruturas críticas.
