OTAN está aumentando o risco de guerra nuclear, diz Rússia
A implantação de armas atômicas dos EUA no território de membros não nucleares da OTAN vai contra o tratado de não proliferação (TNP), aumenta o risco de conflito e dificulta os esforços de desarmamento. Esta foi a mensagem que a delegação russa entregou à conferência da ONU sobre não proliferação nuclear em Nova York, disse o Ministério das Relações Exteriores em Moscou na terça-feira.
“A OTAN declarou-se abertamente uma aliança nuclear. Existem armas nucleares dos EUA no território de estados aliados não nucleares do bloco”, disse Igor Vishnevetsky, vice-diretor de não proliferação e controle de armas do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Em violação dos artigos I e II do TNP, membros não nucleares da OTAN estão participando de “testes práticos” do uso de armas atômicas, acrescentou Vishnevetsky. Tais ações “não apenas continuam sendo um fator significativo que afeta negativamente a segurança internacional e europeia, mas também aumentam o risco de conflito nuclear e geralmente atuam como um freio aos esforços no campo do desarmamento nuclear”.
A posição de Moscou é que “as armas nucleares dos EUA devem ser retiradas do território nacional, a infraestrutura para sua implantação na Europa deve ser eliminada e as ‘missões nucleares conjuntas’ da OTAN devem ser encerradas”, disse Vishnevetsky na conferência da ONU, de acordo com uma transcrição postada por o Ministério das Relações Exteriores.
A Força Aérea dos EUA tem atualmente cerca de 150 bombas nucleares em bases da OTAN na Itália, Alemanha, Turquia, Bélgica e Holanda.
O delegado russo também abordou o AUKUS, o acordo de setembro de 2021 que previa os EUA e o Reino Unido fornecendo submarinos de propulsão atômica para a Austrália. Essa parceria “cria um pré-requisito para o início de uma nova corrida armamentista na região da Ásia-Pacífico”, disse Vishnevetsky.
A retirada das armas atômicas dos Estados Unidos de países não nucleares da OTAN foi um dos principais pilares da proposta de segurança da Rússia, apresentada aos EUA e à OTAN em dezembro de 2021. Nem Washington nem o bloco militar abordaram isso nas respostas que enviaram a Moscou em janeiro .
Logo no início da conferência, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou a Rússia de “despreocupada e perigosa agitação nuclear” destinada a “aqueles que apoiam a autodefesa da Ucrânia”. O diplomata russo Andrey Belousov respondeu que Moscou colocou suas forças nucleares em alerta para deter a agressão da Otan, e que o conflito na Ucrânia não chega ao limiar nuclear da Rússia.
Belousov também abordou declarações de funcionários dos EUA sobre novas negociações sobre controle de armas estratégicas com Moscou, dizendo que a Rússia até agora recebeu apenas “declarações declarativas”, mas nenhuma “proposta concreta”.