Objeto interestelar enigmático que intriga a ciência é flagrado perto de Marte em imagens incríveis
Um evento astronômico de grande importância ocorreu na semana passada: um misterioso cometa interestelar, e apenas o terceiro objeto desse tipo confirmado a invadir nosso sistema solar, passou em alta velocidade por Marte.
Este visitante de outra estrela, conhecido como 3I/ATLAS, ofereceu uma oportunidade de observação sem precedentes para a sonda ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), uma missão conjunta da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial Federal da Rússia. A TGO, que orbita o Planeta Vermelho, capturou novas imagens do cometa na sexta-feira.
O retrato de um ‘Verdadeiro forasteiro’
As fotos, divulgadas nesta terça-feira pela ESA, revelam o 3I/ATLAS como um ponto branco e difuso movendo-se na vastidão do espaço. Este ponto brilhante é, na verdade, o centro do cometa: um núcleo sólido de gelo, rocha e poeira, tipicamente envolvido em uma nuvem de gás e poeira conhecida como coma.
Desde sua detecção inicial em julho, o 3I/ATLAS tem sido um imã para a curiosidade científica e popular. No entanto, o intenso interesse alimentou até mesmo teorias bizarras, sem qualquer evidência científica, de que o objeto seria tecnologia ou uma nave alienígena.
Cientistas enfatizam que cometas interestelares são cruciais porque são “verdadeiros forasteiros, carregando pistas sobre a formação de mundos muito além do nosso”, diferenciando-se de todos os corpos em nosso sistema solar que compartilham uma origem comum.
A proximidade desafiadora de Marte
A aproximação do 3I/ATLAS de Marte foi notável. A TGO apontou sua câmera para o cometa por cerca de uma semana, a partir de 1º de outubro, quando o objeto estava a cerca de 30 milhões de quilômetros da espaçonave.
Apesar da excelente posição, a captura das imagens foi um desafio técnico extremo. Nick Thomas, principal pesquisador do sistema de imagens da TGO, explicou que o equipamento foi projetado para fotografar a superfície de Marte, não objetos a milhões de quilômetros de distância.
“Esta foi uma observação muito desafiadora para o instrumento. O cometa é cerca de 10.000 a 100.000 vezes mais fraco do que nosso alvo usual,” declarou Thomas.
Rota de saída e monitoramento global
O 3I/ATLAS é apenas um visitante. Astrônomos acompanham sua trajetória orbital, que o levará através do sistema solar interno nas próximas semanas, atingindo seu ponto mais próximo do Sol por volta de 30 de outubro.
A NASA garante que o cometa não representa qualquer ameaça à Terra, mantendo uma distância segura de aproximadamente 274 milhões de quilômetros durante seu sobrevoo.
O monitoramento do cometa continua de forma global. Após ser observado pelo Telescópio Espacial Hubble durante o verão, ele agora está muito perto do Sol para ser visto. A NASA espera que ele reapareça do outro lado do Sol no início de dezembro. Grandes observatórios, como o Telescópio Espacial James Webb, a Sonda Solar Parker e o SPHEREx, já estão com planos para rastrear o “forasteiro” nos próximos meses.
A importância do 3I/ATLAS reside em sua raridade, seguindo ‘Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019) como os únicos objetos interestelares confirmados, prometendo desvendar segredos sobre a formação de mundos distantes.
Especulação e o ‘atraso terrestre’
A passagem do cometa gerou até especulações nas redes sociais após uma câmera do rover Perseverance da NASA em Marte capturar um raio de luz. Embora a mancha branca tenha alimentado teorias de que poderia ser o 3I/ATLAS, a NASA não confirmou a informação, e o escritório de divulgação da agência estava fechado devido à paralisação do governo.
Abordando as teorias de conspiração sobre o objeto, o astrofísico teórico de Harvard Avi Loeb, que ele próprio já levantou questões sobre a criação artificial do cometa, desmentiu que a NASA estaria escondendo segredos.
“Algumas pessoas me perguntam sobre a paralisação do governo, se há alguma conspiração para ocultar os dados do público. E eu disse que, bem, o atraso não é a marca registrada de inteligência extraterrestre, é mais a marca registrada da estupidez terrestre,” concluiu Loeb.
