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O Mar avança: como as Mudanças Climáticas Estão devorando as praias do mundo

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Comunidades costeiras em todo o mundo enfrentam um desafio crescente: a erosão e a perda de areia nas praias. Um processo acelerado pelas mudanças climáticas e pela elevação do nível do mar, essa realidade está ameaçando casas e impactando a economia de cidades que dependem de suas orlas. A solução atual, o reabastecimento artificial de areia, tem se mostrado cara e, em muitos casos, insustentável a longo prazo.

Cidades globais em apuros

O fenômeno atinge metrópoles de diferentes continentes, como Barcelona, na Espanha, onde a erosão remove quase 30.000 metros cúbicos de areia por ano, e Miami, nos EUA, que reabasteceu suas praias mais de uma dezena de vezes desde os anos 70. Nesses locais, a dificuldade de encontrar areia próxima e o custo do transporte já encarecem o processo.

Na Gold Coast, na Austrália, um projeto de US$ 25,9 milhões está em andamento para adicionar 1,4 milhão de metros cúbicos de areia após o ciclone Alfred remover uma quantidade considerável da orla. O vereador Michael Kahler alerta que, caso novos eventos extremos ocorram, a infraestrutura da cidade, caracterizada por arranha-céus próximos à praia, pode atingir seus limites.

A situação é ainda mais crítica em Rodanthe, na Carolina do Norte, onde 11 casas desabaram no mar desde 2020. A região perde entre 3 e 4,5 metros de areia por ano, e o administrador do condado, Bobby Outten, expressou preocupação: “Não sei se daqui a 10 ou 100 anos, mas chegará um momento em que ficaremos sem areia ou ela se tornará proibitivamente cara”.

O ponto de vista de especialistas

Especialistas reforçam que o problema não reside apenas na natureza, mas na intervenção humana. Para o professor Rob Young, especialista em gestão costeira, a destruição de praias e pântanos ocorre quando construímos infraestruturas no caminho da movimentação natural do litoral.

Gary Griggs, da Universidade da Califórnia, concorda e afirma que “estamos tentando brincar de Deus”, e que as pessoas precisam aceitar a elevação do nível do mar. Já Joe Vietri, do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, aponta para a crescente dificuldade em encontrar fontes de areia, alertando para a existência de “pontos críticos regionais”.

Apesar dos esforços, a perspectiva é pessimista. Dave Hallac, do Serviço Nacional de Parques dos EUA, resume o sentimento de muitos: “Não podemos mais lutar contra a Mãe Natureza. Estamos perdendo a batalha”.

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