O amor cristão procura transformar um pecador aplicando o amor de Deus e sua palavra
Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova, sem fermento…” (1 Coríntios 5:7)
Paulo está ordenando a igreja em Corinto para se livrar do fermento velho, para que eles sejam uma massa nova e sem fermento. O fermento na Bíblia é representado por qualquer tipo de pecado. Se você coloca uma pequena quantidade de fermento na farinha, ela se espalha por toda a massa (1 Coríntios 5:6). Paulo está dizendo simbolicamente que a igreja deve disciplinar o homem pecador e se isso não funciona, eles precisavam expulsar a pessoa má para que a pureza da igreja fosse restaurada e o pecado não se espalhasse mais (vs. 5:13).
Este princípio pode ser observado em uma família. Se os pais não disciplinarem de forma consistente e imparcial uma criança desafiadora, muito em breve as outras crianças aprenderão que não haverá consequências se desobedecerem a seus pais. O pecado do primeiro filho se estende aos outros. O mesmo acontece na escola com um professor que não impõe disciplina. Logo toda a classe está fora de controle. No nível do governo, se as autoridades não fizerem cumprir as leis, todo o país logo se tornará em anarquia.
Na igreja local, Deus deu autoridade aos anciãos piedosos que estão vivendo uma vida santa (Hebreus 13:17). Parte de sua responsabilidade é defender os padrões de santidade de Deus e fazer tudo o que puderem para manter a igreja pura, do ponto de vista doutrinário e moral. Porque, se nós não defendemos os padrões da santidade de Deus, a igreja logo se tornará como o mundo.
As escrituras são claras de que a igreja deve ser distinta do mundo sendo separada para Deus, que é santo. A igreja precisa estar disposta a se distanciar desse mundo corrupto. Como 1 João 2:15 descreve: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. ”
Precisamos entender que a Bíblia é clara que não podemos amar nossos irmãos em Cristo, se não lidamos com os seus pecados da maneira que Deus ordena. Deus nos disciplina para o nosso bem, para que possamos compartilhar sua Santidade… e castiga todo aquele que aceita como filho (Hebreus 12:10, Hebreus 12:6). Precisamos entender que o pecado destrói pessoas e relacionamentos; portanto, ser indiferente a alguém que está pecando é realmente odiar essa pessoa
O pecado é como o fermento, que se espalha. É como uma doença contagiosa que, se não for tratada, infectará outras pessoas. É por isso que Tiago 5:19-20 diz: “Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa…” O amor cristão procura transformar um pecador aplicando o amor de Deus e Sua Palavra.
O objetivo na disciplina da igreja nunca é vingativo. Nós não procuramos punir pessoas ou expulsá-las da igreja. Nosso objetivo é restaurar o agressor. Em Gálatas 6:1, Paulo escreve: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado,” significando que devemos fazê-lo sem ser arrogante, mas gentilmente, lembrando que a humildade não significa fraqueza, mas força sob o controle do Espírito Santo.
Alguns podem perguntar: “E se isso não funciona?” A resposta é que devemos ser obedientes a Deus e deixar os resultados para Ele. Não há garantia bíblica de que sempre funcionará. Jesus disse: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão“ (Mateus 18:15).
O objetivo não é “descarregar nosso descontentamento”, deixando a pessoa pecadora saber o quão errada ela está. O objetivo é levá-los a ouvir o que a Escritura tem a dizer para que eles retornem ao Senhor, porque a Palavra de Deus é a suprema autoridade.
Jesus diz que se você tem conhecimento do pecado de seu irmão em Cristo, então você é quem deve ir falar com ele. Antes de ir, devemos orar e pedir orientação e discernimento ao nosso Pai celestial. Precisamos verificar nosso próprio coração, para ter certeza de que tiramos a viga do nosso próprio olho (Mateus 7:3-5). E temos que verificar os nossos motivos para garantir que não vamos tentar provar que eles estão errados e que nós estamos certos, porque se esse for o caso, estamos indo pelo motivo errado.
Também devemos nos certificar de que recebemos fatos reais. Se alguém nos fala sobre o pecado de outra pessoa, diga ao informante para ir diretamente para a pessoa que cometeu o pecado seguindo estas diretrizes bíblicas. Não procuramos alguém com base em boatos ou fofocas, a menos que descubramos os fatos pessoalmente. Precisamos ir com humildade e sabedoria recebida através da oração, com o objetivo de restaurar o irmão a Deus e àqueles que ele prejudicou. Se o pecador sabe que realmente nos importamos com ele, estará mais propensos a ouvir e responder positivamente.
Se a pessoa não nos escuta, Jesus diz para tomar duas ou três testemunhas (Mateus 18:16). Estes podem ser outros que sabem do problema ou podem incluir líderes da igreja. O objetivo é fortalecer a repreensão e fazer com que o infrator reconheça a gravidade da situação. O objetivo é levar o pecador ao arrependimento e a restauração.
E em último recurso, Jesus diz: “Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano” (Mateus 18:17).
Se o pecado tem que ser exposto publicamente, se o pecado de alguém está prejudicando a reputação da igreja, a pessoa precisa ser exposta e removida da comunhão rapidamente.
Se depois de um tempo, a pessoa expressa arrependimento genuíno, o que envolve remorso sobre o pecado (2 Coríntios 7:10) e se arrepende e volta para Deus e demonstra seu arrependimento por seus atos (Atos 26:20), então a igreja deve ser informada e a pessoa deve ser perdoada e aceita de volta à congregação. O processo de restauração, no entanto, precisa incluir treinamento para ajudar a pessoa a crescer e evitar o pecado no futuro.
Uma igreja deve ser uma comunidade de pecadores perdoadores que, pela graça de Deus, estão buscando viver uma vida de santidade e obediência ao nosso Senhor. Não ousamos cair no orgulho espiritual pensando que somos melhores do que um membro que caiu em pecado. Paulo diz que nossa resposta ao pecado de um membro da igreja deve ser tristeza (1 Coríntios 5:2).
Precisamos estar conscientes de que, se não lidamos com aqueles que se recusam a arrepender-se do pecado como o Senhor ordena, Sua igreja logo se aliará com o mundo e o sal perderá seu sabor. O Senhor adverte que Ele virá e removerá nosso candelabro (Apocalipse 2: 5).
Consequentemente, devemos praticar a disciplina bíblica na igreja para aqueles que professam ser cristãos e que persistem no pecado. E, precisamos torná-la santa, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Efésios 5:26-27).
Portanto, “tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo” (Colossenses 2:8).
Salete Sartori colunista do Devocional do dia
