Novo vírus chinês à beira de infectar humanos, alertam cientistas
Especialistas em saúde global estão em alerta máximo após a descoberta de um novo coronavírus na China, batizado de HKU5-CoV-2. Cientistas temem que essa variante esteja a um passo de sofrer mutação e desencadear outra pandemia global, com potencial ainda maior de transição entre espécies do que o vírus que causou a COVID-19.
O HKU5-CoV-2, identificado em morcegos chineses em fevereiro, pertence ao grupo dos merbecovírus, que inclui o MERS-CoV, responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), uma doença com alta taxa de mortalidade. Pesquisadores da Universidade Estadual de Washington, nos EUA, publicaram um estudo na revista Nature Communications detalhando a preocupante capacidade do HKU5-CoV-2 de interagir com células humanas.
Pequena mutação pode abrir portas para infecção humana
A equipe de pesquisa descobriu que uma pequena alteração na proteína spike do HKU5-CoV-2 poderia permitir que ele se ligasse às células ACE2 humanas, as mesmas utilizadas pelo vírus da COVID-19 para entrar no corpo, presentes na garganta, boca e nariz. Além disso, o estudo mostrou que o HKU5-CoV-2 é capaz de infectar e se replicar em células humanas das vias aéreas e do intestino.
Embora ainda não haja evidências de infecção humana pelo HKU5-CoV-2, o virologista Michael Letko, co-líder do estudo, ressalta a necessidade de vigilância. “Os vírus HKU5, em particular, não foram muito estudados, mas nosso estudo mostra como esses vírus infectam células”, afirmou Letko. “O que também descobrimos é que os vírus HKU5 podem estar a apenas um pequeno passo de se espalharem para os humanos.”
A preocupação é ampliada pelo histórico de outros coronavírus. A MERS, por exemplo, transmitida por camelos, tem uma taxa de mortalidade de cerca de 35%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo causado 858 mortes conhecidas em 27 países desde 2012.
O surgimento da COVID-19, amplamente associado a mercados de animais silvestres na China, serve como um lembrete vívido de como ambientes com diferentes espécies mantidas em proximidade podem ser o terreno fértil para o surgimento de novas doenças zoonóticas – aquelas que se espalham para humanos.
Cientistas alertam que, embora o HKU5 não entre nas células humanas tão facilmente quanto o Sars-CoV-2 (o vírus da COVID-19), a proximidade genética com o MERS exige atenção. “Esses vírus são intimamente relacionados ao MERS, então precisamos nos preocupar se eles algum dia infectarem humanos”, disse o Professor Letko. “Embora ainda não haja evidências de que eles tenham atingido as pessoas, o potencial existe e isso faz com que valha a pena observá-los.”
