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Missão do Senado busca solução diplomática nos EUA para “tarifaço” de Trump

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O Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (15), o envio de uma missão parlamentar urgente aos Estados Unidos. O objetivo é claro: tentar evitar a imposição da tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A iniciativa busca abrir canais de diálogo e encontrar uma solução diplomática para o que o Brasil considera uma medida prejudicial.

“Ponte de diálogo” em meio a tensões

O requerimento para a criação desta comissão externa temporária foi apresentado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Nelsinho Trad (PSD-MS). Quatro senadores titulares, ainda a serem definidos, farão parte do grupo que deve viajar a Washington entre os dias 29 e 31 de julho.

Segundo Nelsinho Trad, a ideia é construir uma “ponte de diálogo” com os Estados Unidos “num momento em que os canais diplomáticos tradicionais enfrentam dificuldades”. Ele defendeu a prorrogação do prazo para a entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto, como forma de “reduzir a temperatura” e permitir espaço para negociação.

“Não queremos atravessar a linha de ninguém, mas também não podemos nos calar. Está em jogo uma política de Estado, que precisa de diálogo e de responsabilidade. A gente precisa equacionar esta situação. Vamos buscar esse entendimento, abrir esse diálogo e saber exatamente o que está acontecendo”, afirmou o senador, ressaltando a seriedade da situação.

Reflexos imediatos e Disputa de narrativas

Nelsinho Trad alertou para os primeiros impactos do “tarifaço” de Trump no Brasil. Ele citou o caso de cinco frigoríficos em Mato Grosso do Sul que já suspenderam a produção destinada ao mercado norte-americano. Essa paralisação, segundo o senador, pode causar demissões e grandes prejuízos em toda a cadeia produtiva, afetando não só o Brasil, mas também os EUA, que possuem superávit comercial com o país. “Empresário precisa de previsibilidade e segurança jurídica. Nenhum estado se desenvolve sem isso”, pontuou.

A tarifa de 50% foi anunciada por Trump na semana passada. Em uma carta enviada a Brasília, o republicano justificou a decisão como uma tentativa de “corrigir as graves injustiças do sistema comercial atual”. Surpreendentemente, ele também associou a medida a uma suposta “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia rebatido a medida, classificando como falsa a informação de que a economia norte-americana estaria em desvantagem no comércio bilateral. Lula também defendeu que as decisões judiciárias brasileiras cabem somente ao Brasil. O líder brasileiro defendeu novas negociações, mas garantiu que o Brasil pode responder à altura, baseando-se na Lei da Reciprocidade, que permite ao país adotar medidas comerciais contra nações que impuserem barreiras ou tarifas que afetem produtos nacionais.

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