Ministério da Saúde confirma ‘Gripe K’ no Brasil em meio a aumento de hospitalizações por influenza
O Ministério da Saúde confirmou a detecção, no Brasil, do subclado K da Influenza A (H3N2), popularmente referido como “gripe K,” em amostras analisadas no estado do Pará. A identificação, divulgada em 12 de dezembro no Informe de Vigilância das Síndromes Gripais, sinaliza a chegada ao país de uma variação genética do vírus que já estava em circulação em regiões da América do Norte, Europa e Ásia. O subclado J.2.4 do mesmo vírus também foi identificado.
Apesar da confirmação, o Ministério da Saúde ressalta que o aumento geral da circulação da Influenza A (H3N2) no Brasil precedeu a identificação dessas variantes específicas.
O status da Influenza A no país indica um sinal de crescimento ou manutenção das hospitalizações em estados das regiões Norte (Amazonas, Pará e Tocantins), Nordeste (Bahia, Piauí e Ceará) e no Sul (Santa Catarina). A tendência é de redução gradual das internações no Sudeste.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiram alertas sobre a possibilidade de a temporada de gripe nas Américas em 2026 começar mais cedo e ter maior impacto. O principal motivo é a antecipação da circulação do vírus no Hemisfério Norte, impulsionada justamente pelo Influenza A (H3N2) e seus novos subclados.
A variação genética e a prevenção
O subclado K não representa um vírus novo, mas sim uma evolução genética (deriva genética) do H3N2, que pode favorecer uma maior taxa de transmissão. O influenza é um vírus que se “reinventa o tempo todo”, segundo especialistas, o que justifica a infecção de até 20% da população mundial anualmente.
Apesar de a Opas ressaltar que temporadas dominadas pelo H3N2 tendem a ter maior impacto entre idosos, o Ministério da Saúde afirma que, até o momento, não há evidências de que os subclados K e J.2.4 estejam associados a quadros mais graves da doença no Brasil, seguindo o comportamento da influenza sazonal esperada. Os sintomas são os tradicionais da gripe: febre, dor no corpo, tosse e cansaço.
O órgão de saúde brasileiro reforça que a vacinação contra a gripe continua sendo a principal medida preventiva para reduzir casos graves, hospitalizações e óbitos, especialmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
O papel do Brasil no radar da Opas
A Opas e a OMS recomendam que os países das Américas, incluindo o Brasil, se preparem para uma possível temporada de gripe mais precoce ou com maior impacto, já que as cepas que circulam no Hemisfero Norte tendem a chegar ao Sul meses depois, devido ao intenso fluxo de viagens internacionais.
O pediatra e infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), destacou que o alerta visa “antecipar a resposta,” pois uma temporada que começa cedo tende a sobrecarregar os serviços de saúde. A composição da vacina contra a gripe é atualizada anualmente pela OMS para combater as cepas em circulação.


