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Megaterremoto no Pacífico pode desencadear catástrofe dupla na Falha de San Andreas, alertam cientistas

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Um novo estudo sísmico joga luz sobre um cenário de desastre sem precedentes para a Costa do Pacífico: a possibilidade de que o temido “Big One” da Zona de Subducção de Cascadia possa desencadear um grande terremoto subsequente na Falha de San Andreas, na Califórnia. A ocorrência simultânea ou em rápida sucessão desses dois eventos massivos criaria uma catástrofe que sobrecarregaria os recursos de resposta a emergências em toda a região.

A pesquisa, publicada em 29 de setembro, fornece as evidências mais sólidas até o momento de que a Zona de Subducção de Cascadia – uma falha capaz de gerar sismos de magnitude 9 ou mais, que se estende do norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica – já funcionou como um gatilho sísmico para a Falha de San Andreas no passado.

O precedente histórico de 1700

Os pesquisadores, incluindo o coautor Jason Patton, geólogo de engenharia do Departamento de Conservação da Califórnia, e o autor principal Chris Goldfinger, geólogo marinho da Universidade Estadual do Oregon, analisaram o registro geológico de Cascadia e San Andreas por milênios.

Eles encontraram provas concretas de que o último grande sismo de Cascadia, um evento de magnitude 9 que ocorreu em 1700 e foi tão potente que gerou um tsunami no Japão, também produziu um grande terremoto na porção norte da Falha de San Andreas. Essa seção da falha, que vai desde a Junção de Mendocino até Hollister, pode ter experimentado um tremor tão severo quanto o famoso terremoto de magnitude 7,9 que atingiu São Francisco em 1906.

“Este último estudo apresenta as evidências mais sólidas até o momento de que os terremotos na Falha Cascadia precederam os de San Andreas”, afirmou Patton.

Mais de três milênios de correlação

Os dados não se limitam a 1700. Os autores encontraram evidências de outros 18 grandes terremotos em Cascadia que precederam sismos no norte de San Andreas ao longo dos últimos 3.000 anos. Em alguns desses casos históricos, os tremores secundários em San Andreas podem ter ocorrido minutos ou horas após o evento inicial de Cascadia.

Patton e Goldfinger estudam a correlação entre as duas falhas há mais de 20 anos, e os novos achados sugerem uma dinâmica preocupante. Curiosamente, os cientistas observaram que o padrão é unidirecional: não foram encontradas evidências de que terremotos em San Andreas tenham desencadeado eventos em Cascadia. A única grande exceção observada no registro histórico é o terremoto de São Francisco de 1906, que não foi precedido por um sismo em Cascadia.

Ameaça múltipla a grandes cidades

O novo entendimento redefine o conceito de “pior cenário” para a Costa Oeste. Cascadia, causada pelo mergulho da Placa Gorda sob a Placa Norte-Americana, tem hoje uma probabilidade estimada de 37% de produzir um grande terremoto no próximo meio século.

“Estamos acostumados a ouvir o ‘Big One’ — Cascadia — como algo catastrófico e enorme”, disse Goldfinger. “Acontece que este não é o pior cenário possível.”

Goldfinger adverte sobre o impacto de um evento duplo. Enquanto um terremoto em qualquer uma das falhas “esgotaria os recursos de todo o país para responder a ele”, a ocorrência de ambos em um curto espaço de tempo significaria que São Francisco, Portland, Seattle e Vancouver estariam “em situação de emergência em um prazo reduzido.”

Com a parte sul de Cascadia experimentando grandes sismos (magnitude 8,5 a 9) a cada 220 anos, em média, e a Falha de San Andreas ao norte tendo uma frequência de 200 anos, a sobreposição dos períodos de recorrência é um forte indicativo de que a correlação entre as duas falhas “pode ser parte da história” da sincronia de grandes terremotos na Costa do Pacífico.

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