Macron e Putin quebram gelo após três anos em ligação crucial sobre Ucrânia e Irã
Em um sinal de possível retomada do diálogo diplomático de alto nível, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram seu primeiro contato telefônico em três anos nesta terça-feira. A ligação, que durou duas horas e foi descrita pelo Kremlin como “substancial”, abordou temas cruciais como a guerra na Ucrânia e as ambições nucleares do Irã.
O Palácio do Eliseu informou que Macron pediu um cessar-fogo imediato na Ucrânia e a abertura de negociações para encerrar o conflito. Putin, por sua vez, reiterou sua visão de que a guerra é “uma consequência direta da política do Ocidente”, que, segundo ele, “ignorou os interesses de segurança da Rússia”.
Impasses e expectativas para a paz na Ucrânia
Sobre a busca pela paz, Putin afirmou que qualquer acordo entre Moscou e Kiev deve ter um “caráter abrangente e de longo prazo” e ser baseado em “novas realidades territoriais”, repetindo sua exigência de que a Ucrânia aceite a anexação de partes de seu território pela Rússia. Macron, no entanto, enfatizou que somente a Ucrânia deve decidir sobre a cessão de território e reiterou o “apoio inabalável da França à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.
Apesar dos pontos de divergência, ambos os líderes expressaram a intenção de continuar as discussões sobre a Ucrânia e o Irã, sinalizando a possibilidade de um canal de comunicação mais ativo. O diálogo entre Macron e Putin havia estagnado após discussões regulares no início da invasão da Ucrânia, culminando na visita de Macron à Rússia em fevereiro de 2022.
Programa Nuclear Iraniano em Debate
A questão do programa nuclear iraniano também foi pauta da conversa. O Kremlin, citando Putin, destacou a necessidade de respeitar o direito do Irã ao desenvolvimento pacífico de seu programa nuclear, bem como o cumprimento contínuo de suas obrigações sob o tratado de não proliferação nuclear.
Macron, por sua vez, ressaltou a importância de o Irã cooperar totalmente com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A discussão ocorre após o parlamento iraniano aprovar um projeto de lei suspendendo a cooperação com o órgão de vigilância nuclear da ONU, em retaliação aos ataques de Israel e dos Estados Unidos a três instalações nucleares iranianas. O Irã continua a afirmar que seu programa nuclear é de natureza civil e pacífica, sem intenções de desenvolver armas.
O gabinete de Macron declarou que o presidente francês “expressou sua determinação em buscar uma solução diplomática que levasse a uma resolução duradoura e rigorosa da questão nuclear, da questão dos mísseis do Irã e de seu papel na região”, e que os dois líderes decidiram coordenar esforços nesse sentido.
