Lula sobe o tom contra Macron e Meloni e acusa Europa de travar acordo histórico
Em uma reunião ministerial realizada nesta quarta-feira (17) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom de urgência inédito sobre as negociações entre o Mercosul e a União Europeia. O líder brasileiro declarou que o tratado comercial entrou em uma fase definitiva de “agora ou nunca”, alertando que, caso a assinatura não ocorra nos próximos dias, o projeto não será concluído até o fim do seu mandato, em 2026.
Lula criticou a postura de países europeus, afirmando que o bloco sul-americano já atingiu o limite de suas concessões diplomáticas e que o texto atual é, inclusive, mais vantajoso para os europeus do que para os parceiros regionais.
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Apesar da expectativa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de formalizar o pacto no próximo sábado durante a cúpula em Foz do Iguaçu, o cenário permanece nebuloso devido a pressões políticas internas no continente europeu. Lula apontou que a França e a Itália são os principais obstáculos para a ratificação, motivados por resistências de seus respectivos setores agrícolas.
Enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, mantém uma oposição firme contra o que chama de aprovação forçada, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, classificou uma assinatura imediata como prematura, gerando um impasse que frustra as pretensões brasileiras de encerrar o ciclo de negociações iniciado há mais de duas décadas.
O esgotamento da via diplomática e as concessões do Mercosul
O presidente brasileiro reforçou que a paciência do governo brasileiro com a indecisão europeia chegou ao fim. Lula argumentou que, desde o início de 2023, o Brasil empenhou um esforço político exaustivo para destravar o acordo, que estava paralisado desde 2019. Durante este período, o mandatário brasileiro buscou alinhar o tratado a compromissos ambientais e à agenda climática da COP30, tentando equilibrar as exigências de Bruxelas com as necessidades industriais do Mercosul. Segundo o presidente, o bloco sul-americano já cedeu em todos os pontos possíveis e não há espaço para novas flexibilizações, o que coloca a responsabilidade do sucesso ou fracasso do pacto inteiramente sobre os líderes europeus.
Perspectivas para o encontro em Foz do Iguaçu
Mesmo diante das críticas severas e do ceticismo demonstrado, Lula ainda mantém uma esperança residual de que um desfecho positivo ocorra no fim de semana. No entanto, o tom de advertência foi claro: se os europeus recusarem a assinatura no sábado, o Brasil adotará uma postura mais rígida nas relações comerciais internacionais e encerrará as tratativas por tempo indeterminado. Para o governo brasileiro, prolongar o debate por mais anos é inviável, e a cúpula no Paraná representa a última janela de oportunidade para selar o que Lula descreveu anteriormente como o acordo mais excepcional do começo do século, capaz de remodelar a economia global por meio do multilateralismo.


