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Lula rebate EUA sobre direitos humanos e defende o BRICS em vez de tarifas recíprocas

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rechaçou firmemente as acusações de violações de direitos humanos no Brasil, feitas em um relatório recente do Departamento de Estado norte-americano. Em pronunciamento nesta quarta-feira, o presidente classificou o documento, divulgado pelo governo de Donald Trump, como uma tentativa de criar uma “imagem de diabo” para justificar sanções e interferir em assuntos internos brasileiros.

“Ninguém está desrespeitando os direitos humanos no Brasil”, afirmou Lula, reforçando que as alegações de Washington são “fabricadas”. O presidente também ironizou as críticas, sugerindo que os EUA deveriam rever a própria situação de direitos humanos em seu território.

Entenda a tensão: o que dizem os EUA

O relatório americano, publicado na última terça-feira, aponta para uma “deterioração” na situação dos direitos humanos no Brasil em 2024. As críticas se concentram principalmente no Judiciário brasileiro, acusado de adotar “medidas amplas e desproporcionais para minar a liberdade de expressão”, especialmente ao suspender a rede social X no país. A ação, que exigiu que a empresa de Elon Musk cumprisse ordens judiciais e nomeasse um representante legal, foi classificada pelos EUA como um “caso de assédio”.

O documento também acusa o governo Lula de “reprimir desproporcionalmente a liberdade de expressão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro” e de não tomar medidas eficazes para punir autoridades que cometeram abusos.

Lula defende judiciário e soberania

Em resposta, Lula defendeu a autonomia do sistema judiciário brasileiro, destacando que o Poder Executivo e o Congresso Nacional não exercem influência em casos como o processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse processo tem sido usado por Washington como justificativa para sancionar o ministro Alexandre de Moraes e impor tarifas de 50% às exportações brasileiras.

O presidente reiterou que o Brasil não busca conflito, mas exige que sua soberania “seja intocável”. “Ninguém tem voz ativa no que temos que fazer”, declarou.

Reação Econômica e Geopolítica

Diante da imposição de tarifas, Lula descartou, por ora, a aplicação de medidas recíprocas contra os Estados Unidos. Em vez disso, anunciou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras, visando mitigar o impacto das sanções.

Lula reforçou que a decisão de Trump é um “debate político”, não econômico, e acusou o líder americano de tentar “destruir o multilateralismo”. O presidente brasileiro indicou que buscará o apoio dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para superar a crise, defendendo o fortalecimento da posição do bloco.

Ele planeja uma teleconferência com os líderes do BRICS para discutir como “melhorar as relações entre todos os países afetados”. Lula argumentou que o bloco é economicamente vital para o Brasil e que a relação com os parceiros do grupo deve ser aprofundada, para “que os EUA aprendam que a democracia, o respeito ao comércio e o multilateralismo são válidos para nós e também para eles”.

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