Lula parte para o ataque contra Bolsonaro e afirma que arrumou o país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o lançamento do novo modelo de financiamento imobiliário em São Paulo, nesta sexta-feira, 10, para traçar um panorama político e econômico do país, mirando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, em uma referência velada, as eleições de 2026.
O petista fez um duro balanço da situação do país, pedindo que o Brasil receba “uma chance” após o que chamou de “destruição” dos últimos seis anos. Ele lamentou a lentidão do progresso nacional, afirmando que o país avança “um quilômetro para frente e, quando a gente menos espera, voltamos dois quilômetros para trás.”
Lula responsabilizou as gestões anteriores, incluindo a de Michel Temer (MDB), por “falta de crédito, de programa, de objetividade”.
Lula focou suas críticas na necessidade da PEC da Transição, promulgada para reorganizar o orçamento no início de seu mandato. Ele afirmou que foi preciso “passar dois anos tentando reconstruir” e criar a PEC—que, segundo ele, “não deve ter no dicionário brasileiro porque não existe”—apenas para conseguir ter “dinheiro para governar”. O presidente disparou contra o governo anterior, dizendo que “a tranqueira que governava não cuidou disso,” mas garantiu que “esse país agora está arrumado.”
Lula ainda mencionou o fato de o país ter voltado a sair do Mapa da Fome da ONU (o que já havia ocorrido em 2014), reforçando seu apelo por “uma chance” para o país.
Aceno à classe média e “taxação BBB”
O presidente direcionou parte de seu discurso à classe média, reconhecendo as dificuldades de acesso a programas e defendendo a criação de uma “sociedade de classe média” através da continuidade de políticas de inclusão social.
Nesse contexto, ele criticou duramente a derrubada, pelo Congresso, da Medida Provisória que visava elevar a taxação sobre rendimentos de aplicações financeiras, apelidada de “taxação BBB” (em referência a bancos, bets e bilionários). Lula questionou o fato de o Congresso votar contra um projeto que previa uma arrecadação adicional de R$ 17 bilhões, que poderia ser usada para programas sociais, em um movimento que, segundo ele, beneficiava a “pessoas que ganham mais de 600 mil reais, 1 milhão.”
A crítica incluiu um recado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado como potencial adversário em 2026, que articulou a retirada de pauta da MP. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), seguiu na mesma linha, alertando que “não se ganha eleição sabotando o Brasil, impedindo o governo de fazer o bem.”
Em outro momento, Lula abordou a questão habitacional, citando o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e, após um momento de desconforto ao citar a “república de invasão de condomínio”, sinalizou ao deputado Guilherme Boulos (PSOL) que as invasões ocorriam pela falta de políticas governamentais suficientes para moradia.
Diálogo com Donald Trump e autonomia externa
No encerramento, Lula voltou a criticar o governo anterior e seus filhos, comentando a relação com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele defendeu uma relação institucional e de respeito mútuo, independente de ideologia, afirmando que o Brasil não tem interesse em brigar com os EUA.
O presidente destacou a autonomia do Brasil para negociar, alertando que o país não deve depender economicamente “de um país ou do humor de um presidente.” Lula reforçou a importância do respeito internacional, dizendo que “No mundo, ninguém respeita quem não se respeita,” e que líderes não podem “lamber botas” de outros. Ele mencionou ainda que, se os EUA não quiserem comprar produtos brasileiros, as empresas podem “vender para a China, na Ásia, em qualquer país do mundo.”
