Close

Lula parte para Moscou em busca de mediação do acordo de paz com Rússia e Ucrânia

Compartilhe

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte para Moscou na terça-feira, com chegada prevista para o fim da semana, onde se reunirá com Vladimir Putin e participará das celebrações do Dia da Vitória, marco do triunfo sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A viagem, segundo fontes do governo, possui um duplo objetivo: consolidar o Brasil como mediador no conflito Rússia-Ucrânia e reafirmar a autonomia da política externa brasileira frente às grandes potências.

Lula assistirá ao desfile militar na Praça Vermelha, evento que este ano carece da presença de líderes ocidentais relevantes, seguindo a orientação da Comissão Europeia devido ao conflito em curso. Sua presença, contudo, o colocará ao lado de figuras como Nicolás Maduro (Venezuela) e Miguel Díaz-Canel (Cuba), convidados para a celebração.

A confirmação da visita gerou desconforto na Ucrânia, cujo presidente, Volodymyr Zelensky, interpreta os acenos de Lula à Rússia como falta de imparcialidade. O embaixador ucraniano no Brasil, Andrii Melnyk, chegou a solicitar, em encontro com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que Lula aproveitasse a viagem para visitar Kiev.

Em Moscou, a expectativa é que Lula apresente a Putin as credenciais do Brasil para liderar um processo de paz entre Rússia e Ucrânia. Como presidente do Brics, o Brasil defende a participação do bloco em eventuais negociações.

Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do Planalto, ressaltou em discurso recente que a mediação e prevenção de conflitos não são mais prerrogativa exclusiva das grandes potências, destacando o papel do Brics, formado por 11 nações emergentes.

Atualmente, Donald Trump, ex-presidente dos EUA, é o principal interlocutor entre Putin e Zelensky, mas seus esforços não resultaram em diálogo direto. Em setembro passado, Brasil e China lideraram a criação de um grupo de países favoráveis à negociação diplomática, propondo medidas como a não expansão dos combates.

O governo brasileiro avalia que a Rússia demonstra maior abertura ao diálogo, reconhecendo o papel dos EUA como incentivadores. Lula critica a postura europeia, que excluiu a Rússia das conversas anteriores.

Angelo Segrillo, especialista em Rússia pela USP, pondera que a presença de Lula no Dia da Vitória seria natural em outras circunstâncias. “Lula não quer se alinhar a um único lado, buscando equilíbrio entre os EUA e o Brics”, afirma.

A agenda bilateral também inclui discussões sobre o aumento do comércio e investimentos entre Brasil e Rússia. O comércio bilateral em 2024 alcançou US$ 12,4 bilhões, com déficit brasileiro de US$ 9,5 bilhões, impulsionado pela compra de diesel e fertilizantes russos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *