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Lula lança críticas a Trump e exalta China

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Em entrevista à revista The New Yorker, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura dos Estados Unidos e países europeus no financiamento da guerra na Ucrânia, defendendo o multilateralismo e o diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin.

Lula argumentou que confrontar Putin diretamente é contraproducente, ressaltando a necessidade de buscar soluções diplomáticas. “Quando você encurrala o inimigo, precisa ter força para derrotá-lo, e não é fácil derrotar a Rússia. Discuti isso com [Joe] Biden. E Biden continuou dizendo: ‘Vamos destruir Putin, e ele terá que reconstruir a Ucrânia’. O que vai acontecer agora? Se a paz acontecer, organizada por [Donald] Trump, ele ganhará o Prêmio Nobel da Paz, e a Europa terá que pagar pela OTAN, terá que financiar a guerra e terá que reconstruir a Ucrânia”, declarou.

O presidente destacou o alto custo da guerra, comparando os gastos militares globais com a situação de vulnerabilidade social de milhões de pessoas. “Setecentos e trinta milhões de pessoas vão dormir todas as noites sem saber se terão café da manhã ao acordar. Essa deveria ser a principal preocupação da humanidade”, afirmou.

Lula reafirmou sua posição de neutralidade no conflito, recusando-se a fornecer armas para qualquer um dos lados. Ele mencionou um encontro com o chanceler alemão, Olaf Scholz, onde rejeitou um pedido de mísseis. “Eu disse a ele que não venderia, com todo o respeito, porque não queria que nenhum ucraniano ou russo morresse com uma arma brasileira”, ponderou.

O presidente também revelou ter contatado Putin, apelando para que ele buscasse uma solução política para o conflito. “Eu disse que o presidente russo ‘faz falta’ no meio político e que o ‘mundo precisa de política’ e não de guerra. ‘Não há pessoas suficientes para sentar à mesa e discutir o destino do planeta: O que queremos para a humanidade?'”, relatou.

Críticas a Líderes Ocidentais e Ascensão da China

Lula criticou as ambições territoriais de líderes como Donald Trump e Vladimir Putin, questionando a capacidade de gestão de territórios adicionais. Ele também expressou preocupação com a postura de alguns líderes ocidentais em relação às instituições democráticas. “Eles negam as instituições que garantem a democracia em todo o mundo. O fato de o vice-presidente americano interferir na política da Alemanha já é um crime. Nunca fui a outro país para interferir em uma eleição!”, ressaltou.

O presidente alertou para os riscos de uma retórica belicosa, comparando-a a soltar uma “fera selvagem”. Ele também destacou o papel da China como contraponto tecnológico ao Ocidente, atribuindo a tensão com o país à sua crescente participação no comércio global. “Graças a Deus temos a China que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da IA [Inteligência Artificial], dando-nos uma alternativa para este debate”, disse.

Lula criticou a hipocrisia ocidental, lembrando que foram os próprios países desenvolvidos que incentivaram o livre mercado e a abertura econômica, e que agora criticam a China por ter se tornado competitiva. “A China começou a produzir tudo o que era produzido nos Estados Unidos e na Europa. Não se podia comprar uma única calça, sapato ou camisa que não tivesse a inscrição ‘Made in China’. Eles copiaram tudo com muita habilidade e aprenderam a produzir tão bem quanto, ou até melhor. Agora que os chineses se tornaram competitivos, tornaram-se inimigos do mundo”, afirmou.

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