Lula desabafa e revela dificuldade em contato com trump sobre tarifas dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua frustração com a falta de diálogo com o governo dos Estados Unidos a respeito das novas tarifas comerciais que serão impostas ao Brasil. Em uma entrevista ao jornal New York Times, publicada na madrugada desta quarta-feira (30), Lula afirmou que, apesar das tentativas, “ninguém quer conversar” sobre o assunto.
Segundo o presidente, ele solicitou o contato e designou seu vice-presidente, o ministro da Agricultura e o ministro da Economia para dialogarem com seus pares nos EUA, mas até o momento, não houve avanço. “O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar”, declarou Lula.
Tarifaço ameaça exportações Brasileiras
As novas tarifas, anunciadas pelo presidente Donald Trump, estão previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), se não houver mudanças. A medida impõe uma sobretaxa de 50% às importações brasileiras em território americano, o que pode gerar um impacto significativo na economia nacional.
Durante a entrevista, que marcou seu primeiro contato com o New York Times em 13 anos, Lula reiterou sua postura de não conduzir as negociações como se o Brasil fosse um “país pequeno contra um país grande”. Ele também abordou suas críticas públicas a Trump, defendendo que não é correto “ficar ameaçando” pela internet e referindo-se ao presidente americano como “imperador” em ocasiões anteriores.
Brasil “preocupado, mas não com medo” diante das sanções
Apesar da “preocupação” com a ameaça de sanção por parte dos EUA, Lula enfatizou que o Brasil não está “com medo” e não se submeterá às determinações norte-americanas. “Nós sabemos o poder econômico dos EUA, reconhecemos o poderio militar dos EUA, reconhecemos a grandeza tecnológica dos EUA”, disse Lula, acrescentando: “Mas isso não nos deixa com medo.”
O presidente defendeu a necessidade de um “meio termo” nas negociações entre países, afirmando que a “vontade de nenhum deve prevalecer”. Ele criticou a postura de “estufar o peito” e gritar coisas que não podem ser cumpridas, assim como a de “abaixar a cabeça” e aceitar tudo o que os Estados Unidos desejam.
Questionado sobre as ameaças de Trump em relação ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula reafirmou a independência do Judiciário brasileiro. Ele diferenciou a esfera política da comercial, ressaltando: “Se ele quer ter uma briga política, então vamos ter uma briga política. Se ele quer falar de comércio, então vamos sentar e conversar sobre comércio. Mas você não pode misturar os dois.”
O presidente brasileiro expressou a esperança de que a “civilidade retorne à relação entre Estados Unidos e Brasil”, lamentando que o “tom da carta [de Trump] foi definitivamente de alguém que não quer conversar”. Lula também revelou que representantes brasileiros já realizaram pelo menos 10 reuniões com membros da Secretaria de Comércio dos EUA (USTR) sem sucesso.
