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Lula declara: alternativa ao dólar é caminho sem retorno; saiba mais

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem, no encerramento da cúpula do BRICS, que a adoção de moedas locais para transações comerciais, em vez do dólar, é uma “evolução sem volta”. Ele ressaltou, contudo, que este é um projeto de longo prazo que pode pavimentar o caminho para uma futura moeda própria do bloco, uma iniciativa defendida por Brasil, China e Rússia.

Lula citou o acordo com a Argentina, que desde 2004 permite o comércio em moedas locais, como um exemplo bem-sucedido. “O mundo precisa encontrar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar”, afirmou o presidente, questionando a imposição global da moeda americana. Ele enfatizou que essa transição será gradual e consolidada ao longo do tempo, com a devida supervisão dos bancos centrais dos países envolvidos.

Ameaças de Trump desconsideradas

A proposta de desdolarização do comércio no BRICS tem sido veementemente criticada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegou a ameaçar com uma taxação de 10% os países que se “alinhassem com o BRICS” em sua plataforma Truth Media. No entanto, Lula minimizou as ameaças, afirmando que o assunto sequer foi discutido na cúpula. “Não demos nenhuma importância para isso”, comentou.

Lula descreveu o BRICS como uma “metamorfose ambulante”, citando a música de Raul Seixas, e destacou que o bloco está em constante aprendizado e buscando inovar sem repetir erros do passado. Ele enfatizou que o surgimento do BRICS representou uma novidade em um cenário geopolítico dominado por poucas nações desenvolvidas. O presidente criticou a sub-representação do BRICS em órgãos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de o bloco responder por metade do PIB mundial.

O presidente brasileiro reiterou que o BRICS é um grupo aberto à entrada de novos membros. “Nós não temos porteira fechada. Quem quiser entrar, diz que quer entrar e nós vamos avaliar”, disse Lula. Atualmente, o BRICS conta com 11 países-membros e 10 parceiros, resultado de um processo contínuo de expansão.

Na coletiva pós-cúpula, Lula também fez uma crítica contundente ao enfraquecimento de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e à concentração de poder em poucas mãos. Ele apontou que o Conselho de Segurança da ONU não reflete mais a importância de outros atores internacionais, tornando-se um “núcleo de decisão” desatualizado.

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