Julgamento de Bolsonaro: advogados contestam provas da PF e delação de Cid
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou sua sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3), no julgamento sobre as supostas tentativas de golpe de Estado em 2022. Os advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno argumentaram que não há provas que liguem Bolsonaro a qualquer plano de golpe ou aos eventos de 8 de janeiro.
Vilardi começou sua fala afirmando que “não há uma única prova” que conecte Bolsonaro ao plano de golpe. Ele também questionou a validade da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O advogado alegou que Cid mudou de versão “inúmeras vezes”, segundo citações do próprio Ministério Público, e que a delação seria uma tentativa de diminuir sua pena.
A defesa também criticou o acesso às provas da Polícia Federal, afirmando que não teve tempo suficiente para analisá-las, ao contrário do Ministério Público. Vilardi declarou que, pela primeira vez em 34 anos de carreira, ele se viu em um tribunal sem ter acesso à totalidade dos documentos do processo.
Falta de violência e transição pacífica
Durante a sustentação, os advogados questionaram a acusação de “violência e grave ameaça” por parte de Bolsonaro. Para eles, a suposta tentativa de golpe não se concretizou, e as conversas entre as autoridades não mostram os elementos necessários para configurar o crime.
Paulo Cunha Bueno, outro advogado de Bolsonaro, negou que o ex-presidente tenha convocado os atos de 8 de janeiro e destacou que a transição de governo foi feita de forma pacífica. Ele usou como exemplo a troca de comando das Forças Armadas, que, segundo ele, contradiz a ideia de uma tentativa de golpe.
O advogado também argumentou que se Bolsonaro tivesse realmente a intenção de dar um golpe, ele teria tido oportunidades de fazer isso. “Bastaria um simples despacho, substituir esses comandantes por nomes que fossem aderentes ao projeto”, disse ele.
O que acontece no Julgamento
Bolsonaro e mais sete aliados são réus acusados de cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa armada. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como o principal articulador e o maior beneficiário dos atos.
Além de Bolsonaro, os outros réus são:
- Alexandre Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Anderson Torres
- Augusto Heleno
- Mauro Cid
- Paulo Sérgio Nogueira
- Walter Braga Netto
O julgamento, iniciado com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, agora segue para as sustentações orais das defesas.
